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Guerra no Médio Oriente

Israel e Estados Unidos atacaram o Irão, o urânio sobreviveu e a Europa volta às sanções. E agora? A guerra pode recomeçar?

Depois da intervenção americana na guerra no Irão, Donald Trump jurou que os planos nucleares do regime dos aiatolas tinham sido obliterados por meses ou até anos. Mas parte do urânio altamente enriquecido sobreviveu. Nos Estados Unidos, em Israel e na Europa, a revelação faz soar alarmes, mas cada uma das partes pode agir à sua maneira

Pete Hegseth, ministro da Defesa norte-americano, explicava, em conferência de imprensa, os ataques ao Irão
Andrew Harnik

Após os ataques dos Estados Unidos (EUA) e Israel às infraestruturas nucleares do Irão (na que ficou conhecida como Guerra dos Doze Dias), surgiram novas preocupações nos círculos dos serviços secretos de Israel. Apesar dos danos infligidos em instalações importantes como Fordow e Natanz, as avaliações israelitas indicam que uma parcela significativa do urânio enriquecido, quase ao nível do armamento e armazenado no subsolo, sobreviveu.

Pior: este stock residual pode permanecer acessível aos engenheiros iranianos. O destacado funcionário israelita que o afirmou não mostrou preocupação. Garante que as secretas israelitas detetarão qualquer tentativa do Irão para recuperar o material, e haverá tempo para voltar a atacar as instalações, segundo o jornal “The New York Times”.

“A euforia que prevaleceu nos Estados Unidos e em Israel logo após o ataque ao Irão está a desvanecer-se”, diz ao Expresso Ahron Bregman, do Departamento de Estudos de Guerra do King’s College London. “É claro agora que, embora tenham sido infligidos danos substanciais ao Irão, isso apenas atrasou as coisas, não as impediu. O Irão pode, se o decidir, reconstruir o seu projeto nuclear.”

O investigador considera que, tendo o Irão manifestado já que não está disposto a permitir inspeções dos peritos da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) às suas instalações nucleares, poderá prosseguir sem ser descoberto. “Se eu fosse iraniano, dir-me-ia que, para evitar um potencial ataque futuro de Israel ou dos Estados Unidos, a minha melhor garantia seria ter uma bomba na cave”, vinca Bregman, justificando que “ninguém tocaria num Irão nuclear”.