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Guerra no Médio Oriente

“Lentamente, as mulheres serão retiradas da vida pública”: entrevista a Karim Franceschi, ex-comandante internacional contra o Daesh

Combateu quase cinco anos contra grupos em quase tudo semelhantes aos que destronaram Bashar al-Assad na Síria e por isso não vê como é que no Ocidente as pessoas parecem ter esperança num governo pluralista ou inclusivo. Karim Franceschi, ex-comandante da Brigada Internacional que combateu o Daesh, diz ao Expresso que a nova Síria, aos poucos, vai transformar-se num sítio muito escuro para as mulheres

O italiano marroquino Karim Franceschi que se tornou líder das forças internacionais na luta contra o Daesh
DR

Karim Franceschi nasceu em 1989 em Casablanca, filho de um antigo guerrilheiro toscano que lutou contra os fascistas nas montanhas da Toscana durante a Segunda Guerra Mundial, de quem herdou o compromisso com uma ideia de sociedade anticapitalista. A mãe é marroquina e Franceschi só se mudou de Marrocos para Itália já era adolescente. É “pelo menos metade árabe”. A sua história na Síria começou em 2014, quando viajou até Kobane, uma cidade maioritariamente curda, no norte do país, para ajudar as populações que viviam na altura subjugadas às tropas do autoproclamado Estado Islâmico (ISIS, em inglês), ou Daesh. Percebeu que cantar as canções revolucionárias que o seu pai havia entoado nos anos 40 não era tudo o que podia fazer. Ele podia combater. Sentia que podia, e acabou por descobrir que é um bom atirador furtivo.