As forças dos grupos extremistas islâmicos na Síria avançaram esta sexta-feira em direção a Homs, terceira cidade do país, depois de terem tomado o controlo da cidade de Hama, na quinta-feira. Perante a ofensiva relâmpago nas principais cidades da Síria, as autoridades russas estão a recomendar a saída dos seus cidadãos. 280 mil pessoas foram deslocadas desde 27 de novembro.
As informações sobre a rápida movimentação no terreno das forças extremistas islâmicas, iniciada a 27 de novembro, foram obtidas pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma organização não-governamental com sede em Londres e uma vasta rede de contactos na Síria.
Nas últimas horas, os rebeldes liderados pelos extremistas islâmicos do Hayat Tahrir al-Sham (HTS) "entraram nas cidades de Rastan e Talbisseh", situadas na província de Homs, na ausência total das forças do regime, acrescentou o OSDH.
A meio da manhã havia notícias de que as forças sírias e os seus aliados apoiados pelo Irão abandonaram subitamente a cidade oriental de Deir Ezzor e arredores, segundo avançou uma organização não-governamental à agência noticiosa France-Presse (AFP).
“As forças do regime sírio e os comandantes dos grupos aliados apoiados pelo Irão retiraram-se subitamente da cidade de Deir Ezzor e da sua zona rural, com colunas de soldados a dirigirem-se para o centro da Síria”, disse o diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman.
A mesma organização indicou ainda que a população civil abandonou a cidade de Homs na quinta-feira depois de os extremistas terem capturado a cidade estratégica de Hama, situada nas proximidades, numa ofensiva que representou um duro golpe para o governo de Bashar al-Assad. Hama, situada a sul de Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, controla a estrada para Homs, cerca de 40 quilómetros a sul, e para a capital Damasco.
Foi a 27 de novembro que os rebeldes liderados pelos extremistas islâmicos do Hayat Tahrir al-Sham lançaram uma ofensiva surpresa a partir do reduto em Idlib (noroeste), tomando dezenas de cidades e a maior parte de Alepo (norte) e Hama. As hostilidades fizeram mais de 800 mortos, segundo a organização não-governamental.
Rússia apela aos seus cidadãos para deixarem a Síria
Entretanto, as autoridades russas recomendaram já esta sexta-feira aos seus cidadãos na Síria que abandonem o país, perante o rápido avanço dos grupos rebeldes.
“Devido à difícil situação militar e política na Síria, a Embaixada da Rússia em Damasco lembra aos cidadãos russos que vivem na Síria a possibilidade de deixar o país em voos comerciais através de aeroportos operacionais”, afirmou a diplomacia russa, num comunicado.
A Rússia - um dos principais aliados da Síria - realizou bombardeamentos nos últimos dias para tentar conter a ofensiva lançada em 27 de novembro a partir de Idlib. A operação liderada pelos jihadistas avança em direção ao sul da Síria, onde já tomaram a cidade de Hama e estão às portas de Homs.
Uma outra operação, liderada pelo Exército Nacional Sírio - e que reúne várias fações rebeldes apoiadas pela Turquia – avança em direção ao nordeste do país, especialmente na província de Alepo.
Cerca de 280 mil pessoas foram deslocadas desde 27 de novembro
Segundo a ONU, cerca de 280 mil pessoas foram deslocadas na Síria desde 27 de novembro devido aos combates entre rebeldes e as forças sírias, resultado do avanço meteórico de grupos islamistas.
"Os números que temos são de 280 mil pessoas desde 27 de novembro. Este é o número atualizado da noite passada [quinta-feira]. E isto não inclui o número de pessoas que fugiram do Líbano durante a recente escalada" dos combates entre o grupo xiita Hezbollah e Israel, disse Samer AbdelJaber, diretor da coordenação de emergências do Programa Alimentar Mundial (PAM), durante uma conferência de imprensa em Genebra.
“Se a situação continuar a evoluir ao ritmo atual, esperamos coletivamente que cerca de 1,5 milhões de pessoas sejam deslocadas e que necessitarão do nosso apoio” na Síria, disse o responsável.