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Guerra no Médio Oriente

Médio Oriente: Guterres deve “empenhar-se” em “diplomacia de vaivém intensivo” entre membros com poder de veto

A margem parece curta, sobretudo depois de ter sido declarado persona non grata e de Israel ter proibido a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos, mas há muito que o secretário-geral pode fazer. Esta é a convicção de Francis Martin O’Donnell, que trabalhou mais de três décadas na ONU. Em entrevista ao Expresso, propõe que Guterres impulsione uma declaração conjunta de defesa da solução de dois Estados, assinada pelo antigo primeiro-ministro israelita Ehud Olmert e por um ativista palestiniano sobrinho de Arafat. “As bases para a convergência política devem ser lançadas agora”, defende

António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas
Fatih Aktas/Anadolu/Getty Images

Francis Martin O’Donnell trabalhou nas Nações Unidas durante 32 anos, tendo assumido funções como coordenador residente da ONU na Sérvia-Montenegro (2000-04) e na Ucrânia (2004-09). O pai foi oficial do Exército irlandês e serviu na Organização das Nações Unidas para a Supervisão de Tréguas, organismo da ONU que visa a manutenção da paz no Médio Oriente, de 1965 até pouco antes da Guerra dos Seis Dias, em 1967.

A família O’Donnell regressou a casa duas semanas antes do início daquele conflito e o substituto do pai O’Donnell no Exército irlandês, o comandante Tommy Wickham, foi morto a tiro nos Montes Golã. Por isso, Martin O’Donnell — membro vitalício do think tank irlandês Instituto de Assuntos Internacionais e Europeusrecorda, “desde os 11 anos de idade, o trauma daquelas populações”, conta ao Expresso.