Em 29 de abril de 1956, Ro'i Rothberg foi morto numa emboscada em Nahal Oz, um kibbutz situado nos arredores da Faixa de Gaza. Moshe Dayan, chefe do Estado-Maior General das Forças de Defesa de Israel, fez o elogio fúnebre, que incluía o seguinte:
“Ontem de manhã cedo, o Ro'i foi assassinado. A calma de uma manhã de primavera deslumbrou-o e ele não viu aqueles que o aguardavam numa emboscada. Mas não vamos culpar os assassinos hoje. Por que declarar aqui o seu ódio ardente por nós? Há oito anos que eles estão nos campos de refugiados em Gaza, e perante os seus olhos temos transformado em património nosso as terras e as aldeias onde eles e os seus pais habitavam. Não é entre os árabes em Gaza, mas no nosso próprio meio que devemos procurar o sangue de Roi.”
O reconhecimento implícito de Dayan das queixas legítimas dos palestinianos em Gaza - queixas que resultam da desapropriação e da violência colonial - oferece um contraponto fascinante à retórica contemporânea. Levanta também questões fundamentais, tanto sociológicas como morais e normativas: como e porquê as vítimas recorrem à violência como resposta à ação de violência contra elas? Quais são os mecanismos da sua mobilização? E uma tal violência é legítima?