Guerra no Médio Oriente

Tensões entre Israel e Hezbollah escalam depois de mais um ataque: o que aconteceu em Beirute?

Depois dos ataques com pagers e walkie-talkies no Líbano, que causaram 37 mortos e 3200 feridos, Israel lançou um novo ataque, em Beirute, para “eliminar” membros do grupo Hezbollah. O ministro da Defesa israelita já deixou claro que “a série de operações da nova fase da guerra vai continuar”

Escombros no local do ataque israelita no sul de Beirute, no Líbano
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Subiu para 37 o número de pessoas que morreram no ataque aéreo israelita a um subúrbio de Beirute, nesta sexta-feira. Segundo o Ministério da Saúde do Líbano, há três crianças e sete mulheres entre as vítimas naquele que foi o ataque mais mortífero num ano de conflito entre Israel e a milícia xiita libanesa Hezbollah. Pelo menos 68 pessoas ficaram feridas.

Que ataque foi este?

O exército israelita lançou um ataque aéreo “seletivo”, como anunciou na sexta-feira, com um alvo claro: uma cave onde decorria uma reunião do comando da força de elite do Hezbollah, a unidade al-Radwan. Foram mortos 16 membros, incluindo o chefe desta unidade, Ibrahim Aqil — que era o número dois do Hezbollah — e outro comandante sénior.

“Durante o ataque, operacionais de topo do Estado-Maior de Operação do Hezbollah e comandantes da unidade Radwan foram eliminados juntamente com Aqil”, informou o exército israelita numa publicação na rede social X (antigo Twitter).

“Ibrahim Aqil e os comandantes de Radwan estavam a planear o ataque ‘Conquistar a Galileia’, no qual o Hezbollah pretendia infiltrar-se em comunidades israelitas e raptar e assassinar civis inocentes de forma semelhante ao massacre de 7 de outubro”, realizado pelo Hamas palestiniano, lê-se na mesma publicação.

À espera de retaliação pela morte do veterano Ibrahim Aqil, Israel fechou o espaço aéreo este sábado.

O outro comandante sénior que foi morto era Ahmed Mahmoud Wahbi, que até ao início deste ano tinha liderado as operações militares de al-Radwan em apoio ao Hamas.

O Hezbollah já reagiu?

O grupo paramilitar libanês apoiado pelo Irão confirmou a morte de dois comandantes superiores no ataque israelita. Há cerca de dois meses, as forças de Telavive mataram o principal comandante militar do Hezbollah: Fouad Chokr.

Hezbollah afirmou que disparou hoje salvas de foguetes Katyusha em dois locais militares do norte de Israel. “[Foi uma] resposta aos ataques inimigos no sul do Líbano”, adiantou o movimento xiita. Já a agência de notícias AFP relatou intensos bombardeios em diferentes áreas do sul do Líbano.

Israel voltou a atacar?

O exército israelita anunciou este sábado novos ataques aéreos contra “posições pertencentes à organização terrorista do Hezbollah no Líbano”. Segundo a agência Reuters, os aviões de guerra israelitas fizeram “alguns dos bombardeamentos mais pesados” em 11 meses de combates no sul do Líbano.

O ministro da Defesa israelita já deixou claro que “a série de operações da nova fase da guerra continuará” até atingirem o seu objetivo: “garantir o regresso seguro das comunidades do norte de Israel às suas casas”, declarou Yoav Gallant no X, acrescentando: “Os nossos inimigos não têm onde se refugiar, nem mesmo nos subúrbios de Beirute”.

O conflito está a escalar?

As tensões no Médio Oriente já tinham aumentado depois dos ataques israelitas com pagers e walkie-talkies no Líbano, que causaram 37 mortos e 3200 feridos, incluindo o embaixador iraniano em Beirute, Mojtaba Amani.

Na quinta-feira, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, já tinha dito que Israel iria receber um “castigo terrível”, pelo que o ataque de sexta-feira agrava ainda mais o conflito entre ambos — e não só.

O movimento de resistência islâmica Hamas avisou, em comunicado, que “este crime cometido pela ocupação [israelita] é um ato imprudente pelo qual pagará um preço elevado, e o sangue do líder mártir Ibrahim Aqil [...] será a chama que engolirá esta entidade artificial”.

Depois das explosões com dezenas de aparelhos de comunicação, o comandante chefe da Guarda Revolucionária iraniana afirmou que Israel iria sofrer “uma resposta esmagadora”. Agora, o Irão condenou o novo ataque “brutal e cruel” em Beirute que “constitui uma violação flagrante do direito internacional, bem como uma violação da soberania, integridade territorial e segurança nacional do Líbano”, disse o porta-voz da diplomacia de Teerão, Nasser Kanani, em comunicado de imprensa.