O diálogo entre a ONU, liderada pelo português António Guterres e Israel tem sido conturbada desde os ataques do Hamas, a 7 de outubro do ano passado. Este sábado a ONU denunciou atos israelitas, acusando-os de difamação e de uso de força ilegal.
Por um lado, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos denunciou o uso “ilegal” da força por parte do exército israelita durante a ofensiva iniciada a 28 de agosto na Cisjordânia, que se intensificou este sábado na cidade de Jenin. Segundo as Nações Unidas, o exército israelita tem “destruído deliberadamente as infraestruturas da cidade, efetuando detenções injustificadas e ameaçando seriamente a segurança de mais de 10.000 habitantes do campo de refugiados da zona”.
Adicionalmente, o comissário-geral da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA), Phillipe Lazzarini, acusou o governo israelita de organizar uma campanha de difamação e calúnia nas redes sociais contra a organização que dirige.
Lazzarini fez eco de um artigo publicado na revista norte-americana “Wired”, especializada em novas tecnologias, sobre uma vaga de anúncios pagos pela agência de publicidade do governo israelita e que aponta para um site oficial israelita que enumera “ligações” entre a agência e o movimento islamita Hamas, que Lazzarini disse serem completamente falsas.
Os ataques em Jenin
Os combates prosseguiram hoje no norte da Cisjordânia, no quarto dia de uma vasta operação militar israelita contra grupos armados no território palestiniano ocupado, cujos habitantes descrevem como “dias negros”.
“Estamos assustados, estamos aterrorizados, olhem para todos os estragos. São dias negros”, disse à agência France Presse (AFP) Faïza Abou Jaafar, residente em Jenin, quando os tanques israelitas se retiraram para se posicionarem em redor do campo de refugiados da cidade.
Na sexta-feira à noite, o exército israelita afirmou ter eliminado dois palestinianos que se preparavam para realizar dois ataques com explosivos perto de colonatos no sul da Cisjordânia, um território ocupado por Israel desde 1967. No total, pelo menos 22 palestinianos, principalmente combatentes, foram mortos pelo exército israelita na Cisjordânia desde quarta-feira.
O exército israelita lançou esta operação enviando colunas de veículos blindados apoiados por aviões para Jenin, Tulkarem, Toubas e respetivos campos de refugiados.
O outro lado da guerra
Os rebeldes hutis do Iémen reivindicaram este sábado um ataque com mísseis e 'drones' contra o navio porta-contentores Groton, no Golfo de Aden, que segundo os centros de operações marítimas britânico e norte-americano não sofreu danos significativos.
O porta-voz militar dos hutis, Yahya Sarea, afirmou em comunicado que a operação foi realizada com 'drones' e mísseis, e reivindicou que "o navio foi atingido com precisão e recebeu um impacto direto", informação não confirmada por outras fontes.
O ataque surge depois de um outro que poderá provocar um grande derrame de petróleo na região: os hutis assaltaram esta semana um petroleiro de bandeira grega no Mar Vermelho, onde deixaram explosivos que mais tarde acabaram por detonar.
Estas explosões constituem o ataque mais grave das últimas semanas pelos hutis na sua campanha que perturba o transporte de mercadorias pelo Mar Vermelho, como sinal de apoio ao movimento islamita palestiniano Hamas na sua luta contra Israel.
Outras notícias do dia:
⇒ Um novo relatório das Forças de Defesa de Israel (FDI) estima em 6000 o número de palestinianos que entraram em território israelita no ataque de 7 de outubro, dos quais 3800 eram milicianos treinados e armados, tendo a fronteira sido penetrada em 119 pontos. Estes números significam que o número de habitantes de Gaza que entraram em Israel foi o dobro do que tinha sido divulgado até agora.
⇒ O carro onde seguiam os enviados especiais da RTP foi alvejado esta sexta-feira ao entrar na cidade de Jenin, na Cisjordânia. A informação foi avançada pela RTP, que confirmou que os jornalistas Paulo Jerónimo e João Oliveira escaparam aos tiros.