Guerra no Médio Oriente

Netanyahu criticado por militares israelitas sobre falta de rumo na ofensiva em Gaza. "Não é verdade, o objetivo é a vitória"

O primeiro-ministro de Israel reagiu após altos responsáveis do exército terem manifestado frustração por o Governo de Telavive não ter definido um “objetivo a longo prazo” para a guerra em Gaza

Benjamin Netanyahu
SHAUL GOLAN

O primeiro-ministro de Israel negou este domingo que a ofensiva em Gaza não tenha um rumo claro e insistiu que o principal objetivo é a "vitória", após altos comandos militares terem expressado frustração com o conflito no enclave palestiniano.

"Ouvi nos meios de comunicação social que os combates em Gaza não têm qualquer objetivo e que as decisões políticas não lhes permitem avançar. Isso não é verdade, o objetivo é a vitória. Os nossos soldados estão a destruir sistematicamente o Hamas com o objetivo de demolir as capacidades militares e governamentais, bem como libertar os reféns", disse o líder israelita ao meio de comunicação israelita Ynet, durante a reunião de hoje do gabinete.

Este órgão publicou um artigo citando a frustração de responsáveis militares sobre a ausência de um roteiro a seguir após mais de dez meses de guerra no enclave palestiniano.

Os soldados entrevistados pela Ynet reconheceram que o Governo israelita não definiu um "objetivo a longo prazo" na guerra de Gaza e que a situação atual é de "impasse".

"Estamos a agir de acordo com decisões políticas. O Hamas está a atuar como um sistema e nós estamos a tentar eliminá-lo", lê-se no artigo.

Na publicação refere-se ainda que a crescente tensão na fronteira norte de Israel com o grupo xiita libanês Hezbollah - desencadeada nas últimas semanas pelo ataque em Majdal Shams que matou 12 crianças e [conduziu à] subsequente morte de um líder da milícia xiita na resposta israelita - aumentou a necessidade de enviar mais reforços militares para esta parte do país, o que tem impacto nas fileiras que combatem na Faixa de Gaza.

Negociadores vão discutir novo acordo de trégua

Não é a primeira vez que os meios de comunicação social israelitas dão conta do mal-estar dos soldados que combatem em Gaza, alguns dos quais reconheceram a sua incapacidade de "eliminar" o movimento islamita palestiniano Hamas e de trazer para casa os mais de 100 reféns que ali permanecem desde o início do conflito, a 7 de outubro.

As famílias dos reféns e a comunidade internacional, que nos últimos dias voltou a exercer pressão sobre Israel e a organização islamita para que cheguem a um acordo que evite a escalada deste cenário para uma guerra regional, apelam também ao fim dos combates.

Israel anunciou na sexta-feira que vai enviar uma delegação de negociadores na próxima quinta-feira para discutir "os pormenores da aplicação do acordo de tréguas", depois de os Estados Unidos, o Egito e o Qatar, que atuam como mediadores, terem exigido que as discussões fossem retomadas em Doha ou no Cairo "para colmatar todas as lacunas" e aplicar o pacto "sem mais demoras".

A atual proposta dos mediadores baseia-se nos princípios delineados em maio pelo Presidente dos EUA, Joe Biden, que incluem uma primeira fase de seis semanas em que haveria um cessar-fogo total, as tropas israelitas seriam retiradas de todas as áreas povoadas da Faixa de Gaza e alguns reféns seriam trocados por palestinianos detidos nas prisões israelitas.