O imã da mesquita de Al Aqsa em Jerusalém, xeque Ekrima Sabri, foi detido esta-sexta por suspeita de "terrorismo" após um sermão em que descreveu como "mártir" o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, assassinado no Irão num atentado atribuído a Israel, disse o advogado do religioso à AFP.
Antigo Grande Mufti de Jerusalém e chefe do Alto Conselho Islâmico, o xeque Ekrima Sabri, 85 anos, está "atualmente a ser investigado" por "suspeita de incitamento ao terrorismo" por ter, durante o sermão de sexta-feira, "descrito o falecido líder do Hamas como um mártir", disse o seu advogado, Hamza Qatina.
Milhares de fiéis rezaram esta sexta-feira numa grande mesquita de Doha, no Qatar, em memória do líder do Hamas, antes de este ser sepultado perto de Doha, onde vivia no exílio.
A polícia israelita, sem nomear Sabri, declarou em comunicado que tinha "aberto uma investigação sobre um imã suspeito de fazer declarações incitadoras e de apoiar o terrorismo durante um sermão proferido (na sexta-feira)".
Um homem de 20 anos foi também detido hoje por ter feito "declarações incitadoras" durante as orações de sexta-feira, acrescentou a polícia.
No final de junho, o xeque Ekrima Sabri foi acusado por Israel de apologia do terrorismo, depois de alegadamente ter feito declarações de apoio a um assaltante que, em outubro de 2022, disparou contra guardas do colonato israelita de Maalé Adoumim, na Cisjordânia ocupada, matando um soldado.
De acordo com a acusação, Sabri também saudou um assaltante que matou três israelitas e feriu outros seis em abril de 2022 em Telavive, antes de ser abatido por guardas de segurança.
O imã negou estas acusações, afirmando que se tinha limitado a apresentar as suas condolências às famílias.
Ismail Haniyeh foi assassinado na quarta-feira em Teerão. O movimento islamista palestiniano e o Irão atribuíram a responsabilidade do atentado a Israel, que não fez comentários, e prometeram retaliar.
A Mesquita de Al-Aqsa situa-se na Esplanada das Mesquitas em Jerusalém Oriental, uma zona ocupada e anexada por Israel. O terceiro local mais sagrado do Islão e o mais sagrado do Judaísmo, o local está no centro das tensões israelo-palestinianas.
Os israelitas chamam à Esplanada das Mesquitas, o principal foco de tensão na Jerusalém Oriental ocupada, o Monte do Templo, o local mais sagrado para o judaísmo, enquanto os muçulmanos chamam ao conjunto da mesquita de Al Aqsa, o terceiro local mais sagrado para o Islão.