Exclusivo

Guerra no Médio Oriente

Antissemitismo: o vírus adormecido do Ocidente está de volta e só se combate se todos os outros ódios forem também combatidos

Vários estudos têm mostrado um aumento muito alarmante de ataques ou incidentes antissemitas na Europa e nos Estados Unidos. Alguns falam de aumentos de mais de 300% apenas nas semanas que se seguiram ao 7 de outubro. Investigadores do fenómeno reconhecem que o momento é de grande preocupação, mas chamam a atenção para as confusões entre críticas legítimas ao Governo israelita e crimes de ódio. A constante simplificação do conteúdo que consumimos nas redes sociais é apontada como a principal força motriz do ódio, contra judeus ou contra qualquer outra minoria

Manifestação contra o antissemitismo, em Londres
Tolga Akmen/Getty Images

Só nos Estados Unidos, entre 7 de outubro de 2023 e 7 de janeiro de 2024, os ataques antissemitas subiram 360% em relação ao que tinha sido registado nos mesmo período no ano anterior. Em Londres, os ataques a judeus, edifícios ligados à prática do judaísmo ou instituições de ensino judaicas aumentaram 17 vezes.

O Relatório de Incidentes Antissemitas 2023 do Community Security Trust (CST), que colige queixas de ataques antissemitas no Reino Unido, enumera um total de 4103 casos de ódio contra judeus durante todo esse ano. Antes de 7 de outubro, precisamente entre janeiro e 6 de outubro de 2023, foi registada uma média de 130-170 casos de abuso antijudaico por mês. Mas só de 7 de outubro a 31 de dezembro, foram registados mais de 2699 incidentes contra judeus.

Na Alemanha, na primeira semana que se seguiu ao ataque do Hamas, foi registada uma subida de 240% nos ataques com motivação antissemita. Em França, em menos de um mês (7 a 31 de outubro de 2023), as autoridades tomaram nota de 819 atos contra judeus. O Conselho das Instituições Judaicas em França (CRIF) afirmou que, nos três meses que se seguiram aos ataques do Hamas, o número de incidentes antissemitas foi equivalente ao dos três anos anteriores somados.

Uma judia foi esfaqueada em Lyon, França, em novembro de 2023 e estrelas de David apareceram desenhadas nas paredes de casas de famílias judias. Nesse mês, o cemitério judaico de Viena foi incendiado e vandalizado. Dias antes, duas garrafas com líquido inflamável foram atiradas contra a sinagoga de Berlim.