As forças de Israel são acusadas de matar “deliberadamente” 13 pacientes do Hospital Al Shifa, em Gaza, por terem negado apoio e sabotado material médico após um ataque às instalações de saúde, esta quinta-feira.
Segundo a Al Jazeera, pelo menos quatro pessoas foram mortas após o exército de Telavive ter "cortado a eletricidade dos ventiladores" a que estavam ligados. Israel foi ainda acusado de ter detido médicos e enfermeiros e de impedir o acesso dos doentes a farmácias e drogarias, numa "clara violação do direito internacional".
"Consideramos a administração norte-americana, a comunidade internacional e a ocupação israelita totalmente responsáveis por estes crimes em curso contra os doentes, os feridos, as equipas médicas e o nosso povo palestiniano pelo sexto mês consecutivo", enfatizou o mesmo gabinete.
O porta-voz do exército israelita, Daniel Hagari, anunciou na passada segunda-feira o lançamento de uma "operação de precisão" no hospital, alegando que as autoridades dispõem de informações dos serviços secretos que indicam a "utilização" do edifício por "terroristas" proeminentes do Hamas.
As autoridades de Gaza denunciam que o exército israelita está a cometer "crimes de guerra flagrantes" na sua incursão, enquanto o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, manifestou-se "terrivelmente preocupado" com a situação e lembrou que "os hospitais nunca devem ser campos de batalha".
Serviços secretos sentam-se à mesa para alcançar acordo
Os Estados Unidos apresentam esta sexta-feira no Conselho de Segurança da ONU uma proposta para um cessar-fogo em Gaza. Será “uma oportunidade para o Conselho falar a uma só voz para apoiar a diplomacia no terreno e pressionar o Hamas a aceitar o acordo que está sobre a mesa", garante a Casa Branca.
A resolução norte-americana para um cessar-fogo implica a libertação dos reféns raptados durante o ataque do Hamas a Israel – mas não tem o apoio de todos os membros do Conselho de Segurança, entre os quais a Rússia, que preferem uma linguagem mais crua contra a agressão israelita.
"Cada vez que há uma crise no mundo, a primeira coisa que o Conselho de Segurança pede é um cessar-fogo. (...) Não deveria haver uma exceção. Conseguimos um cessar-fogo para o Ramadão no Sudão, por isso precisamos de um cessar-fogo para o fim do Ramadão também em Gaza", argumenta o embaixador da França na ONU, François Delattre.
Ao mesmo tempo, o secretário de Estado dos Estados Unidos chega a Israel para discutir o conflito com Benjamin Netanyahu. Vindo do Cairo, onde continuou a pressionar por um cessar-fogo, Antony Blinken vai tentar convencer o primeiro-ministro de Israel a aumentar a ajuda humanitária no enclave – além de tentar limitar o ataque contra a cidade de Rafah, que Telavive diz ser necessário para destruir o Hamas.
Benjamin Netanyahu deu ordem ao chefe da Mossad para regressar ao Cairo. O líder dos serviços de informações de Israel já tinha ido ao Egito na semana passada, mas não chegou a acordo com as autoridades de Gaza.
Outras notícias
> As autoridades de saúde do Hamas garantem que Israel já matou 32 mil palestinianos desde o início da invasão. Mulheres e crianças representam dois terços dos mortos, mas os números do Hamas não fazem distinção entre civis e combatentes. Esta sexta-feira, pelo menos dez pessoas morreram no norte de Gaza, após um ataque a um prédio residencial.
> O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, assegurou que Portugal "não aceitará a indiferença face à terrível situação humanitária vivida pela população palestiniana" em Gaza e reiterou o apoio à agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA). O membro do Governo pediu ainda a Israel para fazer mais pela entrada de apoio humanitário. A UNRWA agradeceu o apoio português.
> O Governo israelita reivindicou hoje 800 hectares de terras palestinianas no Vale do Jordão, Cisjordânia. O anúncio foi feito pelo ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, uma figura da extrema-direita que dirige o departamento do Ministério da Defesa que autoriza os colonatos. É a maior área de terra ocupada por Israel desde os Acordos de Oslo, segundo a organização não-governamental (ONG) israelita Peace Now.
> O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel convocou o embaixador turco no país para pedir explicações pelos comentários recentes de Erdogan sobre Netanyahu. Durante um comício, o presidente da Turquia afirmou que “Alá” iria “amaldiçoar” o primeiro-ministro de Israel, “tornando-o miserável”-