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Guerra no Médio Oriente

Yossi Beilin, ex-ministro da Justiça israelita: “Netanyahu não tem plano para o pós-guerra que não seja manter-se no poder”

Yossi Beilin dedica-se há mais de três décadas a forjar consensos entre israelitas e palestinianos, dos acordos de Oslo à mais recente iniciativa para criar uma “Confederação da Terra Santa”. Um longo percurso a favor da paz e da coabitação, repetidamente minado, segundo o ex-ministro israelita, tanto pelo Hamas como por um Benjamin Netanyahu que sempre preferiu a confrontação ao diálogo

Yossi Beilin (à direita na imagem), nos seus tempos de negociador diplomático, com o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas
D.R.

Falar de paz entre israelitas e palestinianos, mesmo em plena guerra ou depois de alguns dos mais violentos atentados terroristas protagonizados pelo Hamas, é exercício que nunca demoveu o israelita Yossi Beilin. Muito pelo contrário. No início dos anos 90, o então secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros (no Governo trabalhista de Yitzhak Rabin) foi um dos dinamizadores do chamado processo de Oslo, em conjunto com o negociador palestiniano Mahmud Abbas, hoje líder da Autoridade Palestiniana.

Esse processo negocial conseguiu, pela primeira vez, concretizar um acordo em duas fases entre o Governo de Israel e o líder da Organização de Libertação da Palestina e antigo guerrilheiro Yasser Arafat, em 1991 e 1993. Tal entendimento seria celebrado, um ano depois, com o Nobel da Paz atribuído a Rabin e Arafat, depois de os dois terem conseguido estabelecer as bases de um “autogoverno” palestiniano, abrindo a porta à resolução dos temas mais conflituosos, como as fronteiras dos “dois estados” ou o regresso dos refugiados palestinianos e a repartição de Jerusalém.