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Guerra no Médio Oriente

Mundo exige cessar-fogo e coloca pressão sobre Israel e seus aliados: “Os EUA estão a ficar mais isolados”

A pressão que os Estados Unidos da América estão a sentir, por serem “a única grande nação” a votar contra a resolução da ONU para um cessar-fogo imediato em Gaza, já pesa nos ombros de Joe Biden. E será essa pressão que poderá fazer com que os norte-americanos retirem apoio aos aliados israelitas. Daí ao fim da guerra pode ser um passo, descreve Walter Dorn, investigador da área de Estudos de Defesa no Royal Military College of Canada, em Ontário. Com as eleições norte-americanas mais próximas e as comunidades judaicas nos EUA cada vez mais divididas, Biden tem crescentes dificuldades em manter equilíbrios

Soldados e tanques israelitas na fronteira com Gaza
Anadolu

Após a publicação do seu artigo de opinião no jornal “The New York Times”, Walter Dorn recebeu muita correspondência eletrónica. Nem todos os e-mails foram positivos, muitos até plasmavam a natureza polarizadora do conflito no Médio Oriente, conta ao Expresso o professor de Estudos de Defesa no Royal Military College of Canada, em Kingston, Ontário, e no Canadian Forces College, em Toronto. “Num dos e-mails, chamavam-me antissemita. Foram muito injustos quanto a isso, mas a natureza do e-mail não me fez levá-lo a sério.”

O artigo que Walter Dorn escreveu em meados de novembro reclama as mesmas ideias que partilha nesta entrevista: a moralidade das ações de Israel deve ser atentamente analisada. De acordo com o analista, depois do voto favorável a um cessar-fogo, na Assembleia-Geral da ONU, “a pressão colocada sobre Israel mudará o seu cálculo de benefícios líquidos da guerra”. Neste momento, Israel está a perder a guerra de informação, explica Walter Dorn. "Nem sequer está claro se está a vencer a militar, porque tem objetivos difíceis e irracionais."