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Guerra no Médio Oriente

“Israel tenta colecionar conquistas para mostrar que está a avançar bem, mas não é uma boa ideia [entrar no hospital Al-Shifa], é terrível”

“Há algo que Biden quer: negociações que resultem numa solução de dois Estados, com Gaza e Cisjordânia a serem ligadas por uma ponte ou um túnel”, garante Ahron Bregman, israelita que é autor de várias obras sobre o conflito. Tal como outros analistas, Bregman diz acreditar, nesta entrevista ao Expresso, que o Hamas não pode ser destruído com bombas: para demolir uma ideia, tudo aquilo de que se necessita é de uma ideia melhor. E essa, defende o analista de origem israelita, é fazer o Fatah assumir o poder de novo e unir, com infraestruturas nevrálgicas, os territórios da Cisjordânia e da Faixa de Gaza

Sala de operações improvisada no Hospital de Al-Shifa
AHMED EL MOKHALLALATI

Se fosse líder do Hamas, Ahron Bregman colocaria, sem sombra de dúvidas, um centro de comando e de operações por baixo de um grande hospital de Gaza. O analista, que serviu o exército de Israel e que declarou, em 1988, que se recusaria a lutar nos territórios ocupados, considera que a “cidade sob a cidade” - uma rede extensa de túneis que perfaz os 500 quilómetros - não justifica os ataques “desumanos” de Israel. Nesta entrevista com o Expresso, Bregman, que abandonou o Exército para estudar Relações Internacionais e Ciência Política na Universidade Hebraica de Jerusalém e hoje é investigador no Departamento de Estudos de Guerra do King's College, de Londres, apresenta um plano para a paz sem bombas ou artilharia. Reconhece que pode seguir-se uma nova guerra com o Líbano e também acusa Netanyahu de ser “um mentiroso”.