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Guerra no Médio Oriente

“Ghazi, creio que esta é a última vez que falarei contigo”: a carta final de um negociador de reféns israelita ao seu “ex-amigo” do Hamas

Ghazi Hamad foi parceiro de Gershon Baskin na libertação do soldado israelita Gilad Shalit, em 2011. Na altura, Hamad disse que, um dia, seriam eles os negociadores de uma paz entre Israel e Palestina. Mas enquanto Baskin continuou sempre a defender o direito aos palestinianos a um país independente, Hamad veio pedir esta semana a repetição do massacre de 7 de outubro, a aniquilação dos judeus, o fim do Estado de Israel. O Expresso falou com Baskin e a carta que ele enviou ao antigo parceiro está publicada no fim deste artigo

Reuters / EVELYN HOCKSTEIN

Gershon Baskin, israelita, académico e negociador de reféns, esteve em contacto com Ghazi Hamad, palestiniano, ex-ministro de Gaza e membro do comité político do Hamas, desde os primeiros momentos do ataque de 7 de outubro.

Ao longo dos últimos 18 anos tinham falado mais de mil vezes ao telefone. Encontraram-se presencialmente algumas vezes e trocavam mensagens com frequência. Hamad era o homem de Baskin entre a linha dura do Hamas, o ministro razoável com quem se podia falar sobre soluções políticas, da importância de preservar vidas, do direito dos dois países à existência. Em menos de 20 minutos, no dia 1 de novembro, essa ponte ruiu e no seu lugar nada nasceu além de, diz Baskin ao telefone com o Expresso, “uma total incompreensão” sobre o que estava a desenrolar-se à sua frente.