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Guerra no Médio Oriente

A solução dos dois Estados morreu ou é inevitável? O que a história nos conta, desde 1947 até à guerra em curso

Guerras com a intensidade daquela que atualmente consome a Faixa de Gaza colocam a solução de dois Estados à prova, não só pela destruição que provocam, mas sobretudo pelo ódio que disseminam entre israelitas e palestinianos. Mas desde a partilha do território da Palestina entre árabes e judeus, em 1947, que a erosão de uma Palestina independente tem sido consistente. Ao Expresso, porém, um professor universitário palestiniano que participou em negociações de paz defende que “não há alternativa à ideia de dois Estados”

Um idoso palestiniano testemunha a demolição de uma casa, ordenada por Israel, numa aldeia a sul de Hebron, na Cisjordânia ocupada
HAZEM BADER / AFP / GETTY IMAGES

Dentro de aproximadamente um mês, passará mais um ano sobre um acontecimento que, há décadas, marca a psique de israelitas e palestinianos de forma contrastante. A 29 de novembro de 1947, na Assembleia Geral das Nações Unidas, foi aprovada a resolução 181 que dividiu o território da Palestina (sob mandato britânico) num Estado judeu e noutro árabe.

Para o povo judeu foi a concretização de um sonho bíblico — um lar na Terra Santa. Para os árabes, foi uma “catástrofe” (nakba, como ainda hoje se referem a essa partilha) já que determinou a expulsão de mais de 700 mil pessoas das casas onde viviam.

Hoje, os refugiados palestinianos registados junto das Nações Unidas, à espera que lhes seja reconhecido o direito de regresso às terras de onde os seus antepassados tiveram de fugir, abrangem quatro gerações e andam à volta de 5,9 milhões.