Guerra no Médio Oriente

Netanyahu afasta cessar-fogo: “Não se disse aos Aliados: ‘não acabem com os nazis por causa das trágicas consequências disso’”

Benjamin Netanyahu já tinha avisado no fim de semana que esta seria uma guerra “longa e difícil” e esta segunda-feira optou por dissolver as dúvidas que pudessem existir sobre o cessar-fogo que tem sido pedido em tantas partes do mundo. Não haverá abrandamento das hostilidades, muito menos o seu fim. O primeiro-ministro israelita disse que Israel vai lutar até vencer e pediu apoio aos países que queiram ficar do lado da “esperança”

"Israel está em guerra e é hora de um governo de unidade nacional"
ABIR SULTAN

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, voltou a dirigir-se à nação esta segunda-feira à noite, numa sessão conduzida em inglês e com direito a perguntas dos jornalistas presentes. Numa pequena nota antes de começar a responder às questões, o líder israelita disse que o tempo “é de guerra” e de “viragem” para “líderes e nações” de todo o mundo. “É tempo de todos decidirmos se estamos disponíveis para lutar por um futuro de esperança ou preparados para nos rendermos à tirania e ao terror”, afirmou, respondendo à sua própria pergunta: “Podem estar descansados, Israel vai lutar”. “A luta de Israel é a vossa luta. O futuro da nossa civilização está em jogo”.

Sobre os pedidos de cessar-fogo, que têm chegado das ruas de todo o mundo, e também da ONU, Netanyahu disse que um cessar-fogo seria uma rendição. “Israel não concordará com a cessação das hostilidades... Os apelos a um cessar-fogo são apelos a que Israel se renda ao Hamas, se renda ao terrorismo, se renda à barbárie. Isso não vai acontecer”.

Uma das primeiras perguntas foi sobre a sua popularidade em queda, uma pergunta frequente nestes encontros com os jornalistas, dadas as sondagens e também o número de vozes que se têm mostrado revoltadas com as falhas de segurança que permitiram o massacre do Hamas. Netanyahu respondeu dizendo que a sua única preocupação é a guerra. Um outro jornalista insistiu, e perguntou se ele pensa demitir-se: também não. “A única coisa que vamos demitir é o Hamas. Vamos pô-los no caixote do lixo da história. É esse o meu objetivo. É essa a minha responsabilidade”, respondeu.

Questionado sobre o número de civis mortos em Gaza devido aos ataques aéreos israelitas, Netanyahu disse que “não tem de morrer um único civil” a acusou de novo o Hamas de impedir as pessoas de saírem das zonas de conflito.

Ainda na resposta ao jornalista que o questionou sobre a possibilidade de que as mortes de civis em Gaza pudessem tornar-se num caso de punição coletiva, Netanyahu argumentou que, na Segunda Guerra Mundial, ninguém disse aos Aliados para pararem de bombardear a Alemanha por causa do número de vítimas dos seus bombardeamentos. “Não se disse aos Aliados: ‘não acabem com os nazis por causa das trágicas consequências disso’”. "A luta de Israel é a vossa luta. O futuro da nossa civilização está em jogo", disse.

Israel tem, de facto, emitido diversos avisos à população de Gaza, mas isso não significa que as condições mínimas para que essa movimentação em massa decorra de forma segura estejam a ser asseguradas. A lei humanitária internacional diz que a potência atacante tem de providenciar abrigo, higiene, segurança e comida às populações deslocadas e garantir o seu direito de retorno. O primeiro-ministro diz que Israel está a agir de forma a “evitar vítimas civis, não só pedindo aos civis que se desloquem, mas também arranjando-lhes um local seguro e prestando apoio humanitário, fornecendo-lhes os meios necessários em termos de alimentos, água e medicamentos”.