E como sempre acontece no fim do mundo, no tal de Judas, aparece um português. Não um português propriamente dito, mas um semiportuguês com uns parentes em Portugal. No Porto, neste caso. Yonatan, cara de português, cabelo de português, e farda do exército de Israel, deixou passar para o posto avançado no alto da colina de onde se podiam avistar os soldados do Hezbollah ou as milícias do que quer que seja, jihad, palestinianas, reina sempre uma certa confusão. Nem tudo o que se diz Hamas é Hamas, e nem tudo o que se diz Hezbollah é Hezbollah, mas há que nomear esta gente com o dedo no gatilho e a mão no morteiro. Yonatan e o companheiro, Oz, acham que somos doidos.
No posto avançado, numa colina ao lado da deserta e evacuada Metula, a cidade mais a norte de Israel, encontrei uma base militar improvisada, na verdade um telheiro desalinhado e armado, um ponto de observação do inimigo, guardado mais abaixo na falda por vários tanques escondidos. Que não se podem filmar ou fotografar, segundo as instruções do Censor de Israel. Para não comprometer as tropas da frente. Uns metros mais acima e veria claramente as milícias e os morteiros e foguetes, armas móveis com um alcance mais limitado, até 50 quilómetros. Os de maior alcance são guardados para o centro e o sul de Israel, porque ali estamos lado a lado com o Líbano, de um lado, e com a Síria, do outro. Os mais famosos são os Katyusha, soviéticos, e o Hezbollah tem muitos, muitos mesmo. E uma milícia armada de uns 50 mil homens — quem sabe ao certo? —, treinada para combate e que conhece a região palmo a palmo.
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