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Médio Oriente

Reportagem na Síria: um Natal envolto em apreensão e uma consoada passada com Amin, Sara, George e Jan

Sara e Amin já pensam sair da Síria, apesar de isso ser tudo o que não querem. A ida inesperada para o Líbano de dez membros de ambas as suas famílias, por temerem ser apanhados nos inescapáveis exageros dos processos revolucionários, fez cair uma sombra sobre o Natal do casal de cristãos, que recebeu o Expresso para uma consoada improvisada, no bairro de Jaramana, na capital da Síria, Damasco

Chris McGrath

Poucas horas antes da consoada, Amir e Sara Mansour estavam a planear receber pelo menos 13 pessoas à mesa: eles os dois, onze familiares e o pequeno George, de dois anos, o filho do casal. Pelas 16h, Amir liga ao Expresso a pedir para adiar a entrevista uma hora, saiu agora de um protesto e tem de ir ver como ajudar a sua família, que decidiu, em uníssono e desespero, fugir para o Líbano.

Os protestos dos cristãos sírios (um máximo de 10% da população, e este número pode ser bem mais pequeno, segundo alguns académicos) têm sido dos mais frequentes desde que a frente rebelde contra o ex-Presidente Bashar al-Assad tomou o poder, a 8 de dezembro. Dizem ter medo da impaciência islamizadora de um movimento com raízes radicais, cujo líder, antes conhecido pelo nome de guerra Abu Mohammed al-Jolani, herdado dos tempos em que militava na al-Qaeda e na Frente al-Nusra, e agora pelo seu nome civil, Ahmed al-Sharaa. Apesar deste currículo, o recém-empossado heroi nacional é apenas parte do problema.