O golpe que arredou Assad do poder, após 50 anos de autocracia, é da autoria do HTS, um grupo que James M. Dorsey recusa definir como terrorista. “Os militantes deste grupo não imaginam um sistema político democrático, mas não são propriamente os talibãs”, diz o antigo jornalista e membro honorário do Instituto do Médio Oriente da Universidade Nacional de Singapura, membro sénior da Escola de Estudos Internacionais S. Rajaratnam da Universidade Tecnológica de Nanyang e autor de um blogue sobre o mundo turbulento do Médio Oriente.
Dorsey admite que as consequências no Médio Oriente são sempre imprevisíveis, mas que o bloco Rússia-Irão está ferido, porque "já não tem uma ligação direta para o envio de armas, para transferências de bombas do Irão para o Hezbollah". Foi essa fraqueza que possibilitou a rápida queda do regime sírio. “Do ponto de vista russo ou iraniano, não faz sentido lutar e ajudar um regime a lutar por si próprio se é incapaz de resistir ou subsistir sozinho”, refere, em entrevista, ao Expresso, o investigador, que considera válidas as preocupações de Israel com a sua segurança.