Exclusivo

Médio Oriente

UE quer “fazer tudo” para evitar escalada, mas ainda não convenceu Egito a abrir fronteira

Líderes calibram posição face ao Médio Oriente. Ursula von der Leyen diz que “não há contradição” entre a “solidariedade” com Israel e a “ação para suprir as necessidades humanitárias dos palestinianos”. UE receia tensões na Europa e novo fluxo migratório

OLIVIER HOSLET

Numa reunião virtual, extraordinária, os 27 líderes europeus quiseram esta terça-feira pôr um ponto final na cacofonia de posições sobre o conflito no Médio Oriente, começando já a olhar para o que são os riscos e as ameaças para a União Europeia, em termos de segurança, mas também face a novos fluxos migratórios.

Do encontro não sai nada escrito. O objetivo foi o de mostrar uma posição unida e firme depois da descoordenação da Comissão Europeia na semana passada e das críticas que várias capitais fizeram à viagem de Ursula von der Leyen a Israel e ao facto de não ter coordenado a mensagem política com os Estados-membros. A alemã demorou a incluir as preocupações com os civis palestinianos. Agora, vem justificar que “não há contradição” entre o “apoio e solidariedade em relação aos israelitas” e a “ação para suprir as necessidades humanitárias dos palestinianos”.

Contudo, há não-ditos de von der Leyen que acabam por ser notados. Ao contrário de outros líderes - e também do presidente do Conselho Europeu - a presidente da Comissão Europeia não abordou a necessidade de se voltar à mesa de negociações para garantir a solução de dois Estados, o de Israel e o da Palestina. Aliás, questionada sobre se concordava com a posição transmitida por Josep Borrell, de que Israel tem o direito à sua defesa, mas tem de o fazer preservando a vida da população palestiniana, a presidente da Comissão Europeia não respondeu diretamente à pergunta, remetendo “para a declaração conjunta” que os líderes dos 27 publicaram no fim de semana. “Essa é a posição dos líderes e conclui a posição do Conselho Europeu, do qual faço parte”, disse.