O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu esta terça-feira mandatos de captura contra dois altos oficiais russos por suspeitas de crimes de guerra. Os juízes consideram haver indícios suficientes de que o Tenente-General Sergei Ivanovich Kobylash e o Almirante Viktor Kinolayevich Sokolo foram responsáveis por coordenar uma campanha de ataques contra infraestruturas de energia ucranianas, levando a cabo “atos desumanos”contra civis.
Os ataques em causa ocorreram a 10 de outubro de 2022 e a 9 de março do ano passado, em vários locais do país. O Presidente ucraniano saudou a decisão dos juízes do tribunal sediado em Haia: "Qualquer comandante russo que ordene ataques contra civis ucranianos e infraestruturas críticas deve saber que a justiça será feita", escreveu Volodomyr Zelensky no Twitter.
“Continuamos a trabalhar em conjunto para garantir a responsabilização de todos os autores de crimes internacionais, independentemente das suas patentes e posições", acrescentou Andriy Kostin, procurador-geral ucraniano.
Não é a primeira vez que o TPI emite mandatos de captura contra responsáveis russos desde o início da guerra: há um ano, os juízes ordenaram a detenção de Putin e de Alekseyevna Lvova-Belova, comissária russa para os Direitos da Criança, devido ao papel que teve na deportação de menores que viviam na Ucrânia.
Quem foi ao funeral de Navalny?
Em Moscovo, as autoridades começaram a identificar e prender os cidadãos que estiveram presentes no funeral do político da oposição Alexy Navalny, realizado na última sexta-feira. A informação foi avançada pela OVD-Info, uma plataforma de proteção dos direitos humanos na Rússia.
As câmaras de vigilância públicas e os vídeos da cerimónia publicados online permitem à polícia “seguir o percurso de cada indíviduo até à porta de sua casa”, lamentou Dmitry Anisimov, porta-voz da OVD-Info, citado pelo jornal “Agentstvo”. O responsável dá o exemplo de uma mulher que foi acusada judicialmente após ter sido ouvida pela polícia a gritar “Glória aos Heróis!”, uma parte das palavras de ordem das forças ucranianas.
Bruxelas quer estados-membros em “modo economia de guerra”
A Comissão Europeia propôs um novo programa de indústria da Defesa no valor de €1,5 mil milhões, a implementar entre 2025 e 2027 e financiado pelo orçamento comunitário. O objetivo é criar condições para que todos os 27 estados-membros melhorem pelo menos 40% do respetivo equipamento militar até ao ano de 2030.
Thierry Breton, comissário europeu da Indústria, quer que os países da UE entrem em “modo de economia de guerra”. Além disso, o responsável lembra que Donald Trump tem um discurso contra a NATO e pode vir a ser eleito nas presidenciais norte-americanas, em novembro – e daí a importância de a Europa aumentar a sua capacidade militar.
Outras notícias:
> As forças militares de Kiev destruíram um navio de patrulha russo ao largo do Mar Negro, garante os serviços de informações ucranianos. O navio “Sergei Kotov” estava próximo do estreito de Kerch, perto da Crimeia, e terá sido afundado com drones durante a noite. As autoridades russas fecharam o trânsito na ponte que liga o país ao território ucraniano, anexado por Moscovo há dez anos.
> No campo político, o Presidente francês admitiu que sugerir o envio de tropas ocidentais para a Ucrânia foi um “impulso estratégico”. "Em resposta a uma pergunta que me foi colocada sobre o envio de tropas, respondi que nada estava excluído", esclareceu Macron esta tarde – sublinhando que não quer uma “escalada” nem uma guerra contra o povo russo.
> O recuo de Macron acontece poucos dias depois de ter sido divulgado um áudio em que oficiais alemães confirmam a presença de tropas do Reino Unido. “Aconteceu um erro grave que não deveria ter acontecido. A chamada foi gravada devido a um erro individual”, admitiu hoje o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorious.