Cinco navios cargueiros, transportando mais de 161 mil toneladas de cereais zarpam, este domingo, dos portos ucranianos de Tchernomorsk e Odessa para prosseguir a exportação de cereais, anunciou o Centro de Coordenação Conjunta (CCC) que está supervisionar as operações.
Segundo a mesma fonte, os navios seguem para Turquia, China e Itália, sempre acompanhados por responsáveis do CCC até Istambul, onde serão inspecionados ao largo da costa antes de entrarem no estreito do Bósforo.
Com estas novas partidas, as exportações de cereais ucranianos estão a conseguir, gradualmente, alcançar um ritmo regular de exportações. O centro de coordenação das operações autorizou ainda o cargueiro “MV Osprey” a atracar, vazio, em Tchernomorsk depois de ser , este domingo, inspecionado, ao largo de Istambul.
O CCC está instalado em Istambul nos termos do acordo internacional assinado em 22 de julho entre a Rússia e a Ucrânia, a Turquia e as Nações Unidas. Este acordo permite as exportações de cereais ucranianos até agora retidos devido à guerra desencadeada por Moscovo, ao mesmo tempo que permite o escoamento de produtos agrícolas russos. Isto, apesar das sanções ocidentais impostas ao país por agredir o Estado soberano vizinho.
No sábado à noite, os especialistas terminaram a inspeção do “Navistar”, que tinha zarpado de Odessa na sexta-feira em direção à Irlanda. Outros dois navios que partiram ao mesmo tempo serão hoje inspecionados, precisou o CCC.
Na mensagem que dirigiu aos seus concidadãos no sábado à noite, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, congratulou-se com o reinício das exportações por mar dos produtos agrícolas do país. “Os nossos portos do mar Negro estão a funcionar”, declarou.
“Mas o principal risco, a segurança, persiste. O perigo de uma provocação russa e de atos terroristas perdura. Todos devem ter consciência disso. Mas se os nossos parceiros cumprirem os seus compromissos e garantirem a segurança das entregas, isso resolverá a crise alimentar mundial”, acrescentou.
A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 17 milhões de pessoas de suas casas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de dez milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia. A ONU confirmou que 5.327 civis morreram e 7.257 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 165.º dia, sublinhando que os números reais deverão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.