Num único local encontra-se quem precisa de ajuda na Ucrânia – ou está em fuga ou tem lá família – e quem pode fornecer esse apoio, sejam empresas, organizações ou pessoas individuais. A plataforma digital www.wehelpukraine.org liga a procura de emergência com a oferta solidária, num único espaço e a nível global.
O projeto arrancou em Portugal no sábado e já tem mais de uma centena de pessoas e organizações a desenvolver e gerir a plataforma, que funcionará como um “Airbnb” para encontrar – e disponibilizar – um alojamento, medicamentos e ofertas de trabalho. Está disponível um contact center em inglês, português e ucraniano para atendimento por telefone, e-mail, mensagens instantâneas, videoconferência e outros canais de comunicação.
Para além disso, o objetivo será concentrar também aqui todas as iniciativas individuais que forem surgindo, desagregadas, na sociedade portuguesa, como o apoio gratuito dado pela Ordem dos Notários a nível de documentos de viagem, a ajuda disponibilizada por vários psicólogos, advogados, etc. Porque a plataforma quer dar resposta a todo o tipo de carências, desde um quarto para dormir ou um emprego a apoio financeiro, médico e psicológico, auxílio no pedido de estatuto de refugiado ou aulas da língua falada no país de acolhimento.
A iniciativa arrancou com uma mensagem de Hugo de Sousa na rede social Linkedin, incapaz de ficar quieto perante a tragédia que se desenrola na Ucrânia. Figura influente e reconhecida no mundo digital e da inovação propôs a criação de uma plataforma para receber famílias, em particular crianças e idosos. “Não podemos ficar confortavelmente nas nossas casas, a atualizar a nossa fotografia do Facebook com uma bandeira da Ucrânia, enquanto há pessoas a morrer”. Os avós acolheram uma família austríaca, crianças pequenas, durante a II Guerra Mundial. Ele quer seguir-lhes o exemplo. “Acolherei com alegria uma família ucraniana na minha terra natal, Portugal”.
Disponibilizou-se para trabalhar “48h non stop” para pôr a iniciativa de pé e convidou quem quisesse a juntar-se a ele: “Se queres ajudar manda uma mensagem”.
O apelo do managing partner da Kaizen, que vive entre Londres e Lisboa, navegou rápido pelo universo das novas tecnologias e as ajudas dispararam minutos depois, e ainda não pararam. “Estamos a trabalhar neste momento no Beato, em Lisboa, e as pessoas aparecem cá, batem à porta e ficam para ajudar, principalmente programadores e designers. E de todas as nacionalidades. Há pessoas da Alemanha, da República Checa, é como umas Nações Unidas digitais. Temos a OutSystems connosco, a Talkdesk, a Teleperformance, o Governo também já demonstrou o seu apoio…”, elenca Hugo de Sousa, na certeza de que a lista fica desatualizada a cada minuto. “Em breve publicaremos os apoios que temos tido, não todos porque há quem queira ajudar de forma anónima”.