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Partido de Le Pen apaga do programa medidas pró-Rússia e deixa a Europa preocupada: “Teria espaço de manobra para dificultar” apoio a Kiev

Desde que Macron dissolveu o Parlamento francês, o Reagrupamento Nacional de Le Pen atenuou algumas das suas posições mais controversas, inclusivamente as medidas entendidas como pró-Rússia, e até mesmo pró-Putin. Com a contagem decrescente para as eleições antecipadas em França, estará o partido da extrema-direita a oscilar na sua agenda de defesa favorável à Rússia? As capitais da UE não estão convencidas, e temem o pior, até porque a França é um país com peso no bloco europeu

Marine Le Pen e Jordan Bardella
JULIEN DE ROSA

O Reagrupamento Nacional (Rassemblement National) removeu parte do seu programa para a defesa do seu site oficial. De acordo com o “Politico”, o partido francês de extrema-direita eliminou secções que propunham o aprofundamento dos laços diplomáticos com a Rússia, a suspensão de projetos de cooperação militar com a Alemanha e a saída do comando militar integrado da NATO.

Em causa estão propostas que tiveram origem durante a campanha presidencial de Marine Le Pen em 2022. Entre os 17 dossiês originais, o da defesa foi subtraído, restando apenas 16. Naquele documento, o Reagrupamento Nacional (RN) defendia o distanciamento de Washington, que “nem sempre se revela um aliado da França”. Por oposição, apregoava “uma aliança com a Rússia em certas questões”, como a segurança europeia ou o combate ao terrorismo. Outro ponto controverso, agora retirado, é a ideia de a França abandonar “imediatamente” o comando militar integrado da NATO.

“É uma mudança política importante”, concede Philippe Marliere, professor de política francesa e europeia na London's Global University, em declarações ao Expresso. “Todos esses detalhes da sua política foram removidos, e certamente não discutem ou falam sobre isso nesta campanha. Penso que essa mudança vai na direção de apaziguar ou tranquilizar os parceiros europeus, porque, se o Reagrupamento Nacional vencer as eleições dentro de duas semanas [a primeira e segunda voltas estão marcadas para 30 de junho e 7 de julho, respetivamente], isso seria um grande foco de discórdia entre a França e outros Estados-membros.”