França

Macron apela à união dos que "disseram não aos extremos" para legislativas em França

Presidente francês deu instruções aos partidos que fazem parte da sua coligação para dialogarem com as outras formações políticas para afastar a extrema-direita. Macron dissolveu a Assembleia Nacional na sequência das europeias e convocou eleições legislativas para 30 de junho e 7 de julho

Presidente francês, Emmanuel Macron
Stephane Mahe/Reuters

O Presidente francês, Emmanuel Macron, apelou hoje à união de todos aqueles que "disseram não aos extremos" para derrotar a extrema-direita nas eleições legislativas antecipadas, marcadas para 30 de junho.

"Espero que, no momento oportuno, antes ou depois (das eleições), os homens e mulheres de boa vontade que, em conjunto, souberam dizer 'não' aos extremos, se juntem", disse Emmanuel Macron numa conferência de imprensa no Pavilhão Cambon Capucines, em Paris.

O Presidente francês deu instruções aos partidos que fazem parte da sua coligação para dialogarem com as outras formações políticas para afastar a extrema-direita, que acusa de defender a exclusão, e a extrema-esquerda, que acusou de antissemitismo e anti-parlamentarismo.

"Não quero dar as chaves do poder à extrema-direita em 2027", afirmou Macron, aludindo à data das próximas eleições presidenciais, tentando defender o seu partido (Renascimento) como a única opção moderada na atual reconfiguração acelerada das alianças entre a esquerda e a direita.

Perante os extremismos, "o bloco central, progressista, democrático e republicano (...) está unido e claro na sua relação com a República, a Europa e as suas prioridades", assegurou.

Emmanuel Macron defendeu ainda que as eleições legislativas antecipadas anunciadas no domingo, após a vitória do partido de extrema-direita União Nacional nas eleições para o Parlamento Europeu, representam "uma resposta democrática" à atual situação política do país e rejeitou a "possibilidade absurda" de se demitir após a ascensão histórica da extrema-direita.

"Os nossos compatriotas exprimiram as suas preocupações em matéria de segurança, imigração, poder de compra", disse o Presidente francês, referindo que no cenário atual não bastavam "mudanças de governo ou coligações".

Durante o seu discurso, Macron afirmou ainda que "desde domingo à noite", e do anúncio da dissolução do Parlamento, "as máscaras estão a cair" e que as eleições legislativas são também "um teste de verdade entre aqueles que escolhem fazer prosperar as suas 'boutiques' e aqueles que querem fazer prosperar a França".

O chefe de Estado francês condenou as "reviravoltas" e as "alianças profanas nos dois extremos, [entre parceiros] que não estão de acordo em quase nada, para além dos cargos a partilhar, e que não serão capazes de implementar qualquer programa".

"A direita republicana, ou pelo menos o seu responsável [Eric Ciotti], acaba de fazer pela primeira vez uma aliança com a extrema-direita, e refiro-me à extrema-direita quando digo União Nacional (RN na sigla em francês)", referiu o chefe de Estado francês.

Para Emmanuel Macron, o líder dos Republicanos, "vira as costas, em poucas horas, à herança [dos ex-presidentes] General de Gaulle, de Jacques Chirac e de Nicolas Sarkozy", criticando-o por se posicionar a favor da reforma com o aumento da idade dos 62 para os 64 anos, quando o partido RN se mostrou contra a reforma das pensões aprovada em 2023.

Para além disso, o chefe de Estado francês acusou a extrema-direita francesa de ser "ambígua em relação à Rússia" e criticou a sua vontade de "abandonar a NATO".

Já com o acordo entre o Partido Socialista, França Insubmissa, Ecologistas e Comunistas, Macron criticou a aliança entre a "esquerda republicana e os seus líderes, que pareciam ter feito escolhas claras durante a campanha europeia" com a extrema-esquerda, que durante a campanha foi acusada de "antissemitismo, comunitarismo e antiparlamentarismo".

A extrema-esquerda apresenta "uma visão balcanizada da nossa política, da nossa diplomacia", afirmou o chefe de Estado, acrescentando que esta posição "não é possível, nem em relação à Ucrânia, nem em relação ao Médio Oriente".

Esta conferência de imprensa ocorre na sequência da sua decisão de dissolver o Parlamento após as eleições europeias de domingo e 18 dias antes da primeira volta das eleições legislativas em França (30 de junho). Como o sistema eleitoral francês prevê a realização de duas voltas, a segunda ocorrerá a 07 de julho.

Notícia atualizada às 13h05