Abdesalem L., o homem suspeito do atentado desta segunda-feira em Bruxelas, em que morreram duas pessoas, era tunisino, tinha 45 anos e vivia em Schaerbeek, nos arredores de Bruxelas, uma zona conhecida pela sua multiculturalidade. “Era conhecido pela polícia por tráfico de seres humanos, residência ilegal e por pôr em perigo a segurança nacional”, constatou o ministro da Justiça belga, Vincent Van Quickenborne. Na Tunísia, Abdesalem L. tinha cadastro, menciona o Le Soir, mas não por crimes de terrorismo.
Um serviço de polícia estrangeiro tinha informado, em 2016, que Abdesalem L. tinha um perfil radical e seria um candidato à jihad. O jornal divulga também que o Centro Conjunto de Informação (um dos órgãos do sistema antiterrorista belga) tinha uma reunião agendada para esta terça-feira em que iria rever as informações sobre Abdesalem L., mas não tinha sido detetada "qualquer ameaça terrorista iminente".
Segundo o diário, o indivíduo apresentou um pedido de asilo em novembro de 2019, mas recebeu uma decisão negativa. Abdesalem L. foi morto esta terça-feira, depois de um tiroteio com a polícia belga, num café no bairro de Schaerbeek. A arma usada no ataque foi encontrada com o mesmo.
O Centro Nacional de Crises da Bélgica revelou em comunicado que "o incidente foi reivindicado nas redes sociais": “A mensagem foi gravada por uma pessoa que se identifica como o atacante. Ele afirma ser inspirado pelo Daesh [ou autodenominado Estado Islâmico]”.
A mesma instituição frisou que não tinha sido encontrada qualquer ligação entre o ato de terrorismo e o conflito entre Israel e o Hamas, mas o mesmo não acontece face à nacionalidade sueca das vítimas, que era referida na mensagem – no país, têm sido queimadas várias cópias do Corão
“Medidas de segurança urgente foram tomadas para proteger os adeptos suecos da melhor forma possível”, frisava na segunda-feira o Centro Nacional de Crises da Bélgica.
O primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, garantiu em conferência de imprensa que o terrorismo nunca será capaz de “subjugar as nossas sociedades livres”. O nível de risco em Bruxelas está no grau mais elevado, mas deverá ser avaliado novamente esta terça-feira, que coincide com a visita do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, à capital belga, para uma visita de Estado.
Texto de João Charréu, editado por João Pedro Barros