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Embaixadora de França em Portugal: “A UE não deve excluir nem deixar de lado países que possam ser tentados por outras propostas”

Embaixadora de França em Portugal desde setembro de 2022, Hélène Farnaud-Defromont conversou longamente com o Expresso sobre o estado do mundo e a visão que Paris tem de assuntos como a guerra na Ucrânia ou a construção europeia. A diplomata falou também dos recentes tumultos no seu país, noutra parte da entrevista que sai na edição semanal do Expresso a 14 de julho, dia nacional francês que assinala a tomada da Bastilha em 1789

Ana Baião

Num ano em que o Presidente francês convidou o primeiro-ministro indiano para as cerimónias do dia nacional, a 14 de julho, a sua representante em Lisboa conversou com o Expresso sobre o estado do mundo e a necessidade de ouvir vozes diferentes na cena internacional. Ucrânia, União Europeia e ascensão dos populismos estiveram bem presentes numa conversa de hora e meia, numa tarde soalheira no palácio de Santos, onde Hélène Farnaud-Defromont tem residência oficial.

Como se prepara França para celebrar o dia nacional, após um período muito complicado?
Haverá uma cerimónia oficial nos Campos Elísios, em Paris. Este ano o Presidente da República quis ter como convidado de honra o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. Haverá contingentes indianos entre as tropas que desfilarão. É uma mensagem importante, vai para lá de França e da Europa. A Índia é um grande país — está a tornar-se o maior do mundo em população, ultrapassando a China — e é tempo de dizer que não rumamos ao choque de civilizações, não queremos cisões nem divisões. Somos seres humanos e queremos viver em paz. Certas narrativas tentam pôr o Ocidente de um lado e o resto do mundo do outro, o tal Sul Global…

Que nunca se sabe bem que significado tem.
É complexo. Se quiser, é uma expressão que se usa para dizer que há bons e maus. Um discurso de fratura que nos parece perigoso. Há que lembrar que a base de tudo é o diálogo, conhecermo-nos, encontrarmo-nos, falarmos uns com os outros para evitar catástrofes regionais ou mundiais.