Exclusivo

Espanha

José queimou e matou os seus dois filhos há 14 anos, e agora Espanha discute se deve ser autorizado o livro em que conta o seu crime

A obra do escritor Luisgé Martín, antigo assessor de Pedro Sánchez e agora diretor do Instituto Cervantes de Los Angeles, dá voz a José Bretón, que matou os seus dois filhos em 2011. Objetivo foi vingar-se da sua mulher, que pede à justiça que impeça a publicação

O controverso escritor espanhol Luisgé Martín, autor do livro "O Ódio"
Europa Press News/Getty Images

Espanha vive dias de pugna legal sobre os limites da liberdade criativa e os direitos das vítimas a um tratamento respeitoso. Em causa está a publicação do livro “El odio”, baseado no testemunho e confissão de José Bretón, ex-militar que assassinou e queimou os seus dois filhos, em 2011, num gesto de vingança contra a sua mulher, Ruth Ortiz, em Córdova.

O crime foi um dos casos de violência contra menores mais terríveis de que o país tem memória. Embora Bretón nunca tenha reconhecido em público quer foi o autor dos homicídios, a investigação policial apurou que administrou potentes soporíferos aos seus filhos — Ruth, de seis anos, e José, de dois — antes de os queimar num forno que alimentou com 250 litros de gasóleo. Por estes atos foi condenado a 40 anos de prisão, pena que cumpre na cadeia de alta segurança de Herrera de la Mancha. Agora, Bretón rompeu o seu silêncio.