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Espanha

Novo escândalo sexual abala esquerda radical espanhola, sumida em lutas internas

Juan Carlos Monedero, fundador do Podemos, foi denunciado por comportamentos inadequados no partido e na Universidade. Está afastado dos cargos dirigentes que ocupava numa força política que sempre se destacou pelo discurso feminista

Juan Carlos Monedero, um dos fundadores do partido de esquerda radical espanhol Podemos
Aldara Zarraoa/Getty Images

Ainda a lamber as feridas do caso de agressão sexual que envolve Íñigo Errejón, um dos fundadores do partido Podemos e depois dirigente do Mais País , a esquerda espanhola conheceu nos últimos dias acusações contra outro membro da equipa original daquela formação. Juan Carlos Monedero, de 62 anos, é alvo de graves acusações de comportamento inadequado nas relações com camaradas de partido e alunas da disciplina que leciona na faculdade.

O processo de Errejón, de 42 anos, está na fase instrutória. É acusado pela atriz Elisa Mouliáa e abandonou os cargos de deputado e líder parlamentar da plataforma Somar, consórcio de grupos à esquerda do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, centro-esquerda) e coligado com este no Governo. Monedero permanece no Podemos, de que é membro influente, a par de Pablo Iglesias. O partido não está na frente Somar nem no Executivo, ao contrário do Mais País de Errejón.

O Podemos nasceu em janeiro de 2014, resultante da grande mobilização cívica do Movimento 15-M contra a austeridade. Tem na sua base fundacional um importante elemento de feminismo, defesa dos direitos das mulheres e luta contra o machismo na sociedade. Membros destacados deste grupo — como Errejón e Iglesias, as atuais dirigentes Ione Belarra (secretária-geral) e Irene Montero, companheira de Iglesias, ex-ministra da Igualdade e eurodeputada — foram mentores de leis muito avançadas de defesa das mulheres enquanto governaram. As acusações de comportamento sexual irregular de alguns dos seus dirigentes tornam-se insuportáveis para os militantes.