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Espanha

Máscaras, futebol e Venezuela: caso que envolve Nuno Rebelo de Sousa chega muito perto de Sánchez

Nuno Rebelo de Sousa aparece nas investigações como possível sócio num futuro negócio de bombas de gasolina. Principal suspeito é o antigo número três dos socialistas, até há pouco um homem da máxima confiança do primeiro-ministro espanhol

José Luis Ábalos com o primeiro-ministro Pedro Sánchez e a então vice-primeira-ministra Carmen Calvo, em 2019, antes de o escândalo de corrupção rebentar
Eduardo Parra/Europa Press/Getty Images

Vai ser muito difícil o chamado “caso Koldo” não salpicar gravemente o Governo espanhol e o respetivo chefe, num escândalo de corrupção conhecido desde o ano passado e que nos últimos dias ganhou novos contornos judiciais. José Luis Ábalos, de 62 anos, que foi ministro do Fomento entre 2018 e 2021 e número três do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, centro-esquerda) está prestes a ser acusado de ter beneficiado de uma complexa trama corrupta que, entre outras coisas, lucrou durante a pandemia com a venda de máscaras a entidades oficiais, cobrando preços excessivos ou exigindo onerosas comissões.

Um relatório demolidor de 233 páginas, elaborado pela Unidade Central Operativa (UCO) da Guarda Civil — organismo policial prestigiado pela sua eficácia e neutralidade política —, foi entregue na passada quarta-feira ao juiz de instrução Ismael Moreno. O documento disseca com cirúrgica precisão o complicado tecido deste enredo e deixa à beira da inclusão no processo judicial gente muito próxima do ex-ministro e o próprio Ábalos, que foi secretário de Organização do PSOE entre 2017 e 2021 e uma das pessoas de maior confiança política e pessoal de Sánchez.