Exclusivo

Espanha

Se Acabó la Fiesta ou apenas começou? Em Espanha ganhou força o “voto antissistema de rejeição visceral, desinformado e tendencioso”

A nova formação da direita espanhola mais extrema nasceu da “agitação insultuosa e difamatória das redes”, segundo analistas políticos, e ganhou força nas eleições europeias. Do desejo de construir a maior prisão na Europa à defesa das políticas anti-imigração, que movimento é este, e quem é Alvise Pérez, seu chefe?

Alvise Pérez

Nos sete dias que se seguiram a 9 de junho, o domingo em que foram conhecidos os resultados das eleições europeias, Luis Pérez Fernández, sevilhano de 34 anos, foi o candidato mais pesquisado no motor de busca Google. Alvise, como é conhecido, lidera um grupo chamado Se Acabó la Fiesta (Acabou-se a Festa), o qual obteve 796.560 votos (4,58%). Isso garante-lhe três assentos (de 61 eleitos por Espanha) no Parlamento Europeu.

“Foi uma surpresa que um partido excêntrico como o Acabou-se a Festa tenha obtido 800 mil votos e três eurodeputados”, admite ao Expresso Cesáreo Rodríguez-Aguilera, professor emérito de ciência política na Universidade de Barcelona. “As sondagens davam-lhe um a dois assentos, mas recolhe um voto antissistema de rejeição visceral, totalmente desinformado e tendencioso. Nas europeias parece ser possível votar em qualquer coisa, por mais pitoresco e absurdo que seja, como é o caso.”

O Acabou-se a Festa (SALF) não chega a ser um partido político: é um grupo de cidadãos que se associaram temporariamente com o único propósito de concorrer às eleições, após a recolha de mais de 15 mil assinaturas. Alvise provocou grande abalo ao partido espanhol de extrema-direita Vox, que conquistou seis assentos nas eleições (tinha quatro na legislatura cessante), mas aspirava a um resultado mais expressivo.