As quatro Juntas Eleitorais da Catalunha receberam a petição de alargamento do horário de votação das eleições na Catalunha, na sequência de um roubo de cobre que, este domingo, deixou Barcelona sem acesso a comboios suburbanos. Os organismos de Tarragona, Lleida e Girona enviaram a petição à Junta Eleitoral Central, enquanto a de Barcelona solicitou um relatório prévio à Renfe.
As petições tiveram a mão de alguns dos partidos separatistas. A Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) pede o prolongamento por uma hora, para além das 20h, nos municípios que se encontram essencialmente nas províncias de Barcelona e Tarragona. Já o rival no campo nacionalista Juntos pela Catalunha (JxC), de Carles Puigdemont, quer o prolongamento até à meia noite, se necessário, em toda a Catalunha.
Esta madrugada, pelas 4h, um novo roubo de cabos de cobre – o mais grave dos últimos anos, segundo o jornal espanhol “El Mundo” – provocou uma avaria generalizada nas linhas de Rodalies, a rede ferroviária suburbana da Catalunha, gerando ainda vários focos de pequenos incêndios. Segundo os sindicatos, há anos que esta rede – que é um entroncamento ferroviário chave no norte de Barcelona – é afetada por incêndios e roubos de cobre.
Apesar do incidente, pelas 18h locais (17h em Portugal continental) a participação nas eleições da Catalunha situava-se em 45,8%, à semelhança da votação de 2021 (ainda que esta tenha sido afetada pelas restrições impostas na sequência da pandemia de covid-19).
O Ministério dos Transportes acredita que este roubo foi “premeditado”, uma vez que ocorreu em locais de difícil acesso e visto que não foi levada uma grande quantidade de cobre. Além disso, fontes do setor dos transportes consideram que este não se enquadra num roubo de cobre comum – embora não queriam tirar conclusões sobre a eventual relação com as eleições de este domingo, avança a agência noticiosa espanhola EFE.
Recorde-se que a campanha para as eleições de este domingo na Catalunha ficou marcada pelas sondagens que indicam que, pela primeira vez, o bloco independentista não dominará o Parlamento Catalão. Embora não seja provável que algum partido tenha maioria absoluta, a expectativa é que o Partido dos Socialistas da Catalunha (PSC), filial do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e que tem como líder o ex-ministro da Saúde espanhol, Salvador Illa, supere os 40 deputados – tornando provável um acordo entre o PSC, a ERC e o grupo de esquerda populista Em Comum-Somar.
Ainda assim, nada está garantido. Como o Expresso noticiou na última edição, há a possibilidade do JxC se aliar aos partidos independentistas, forçando a abstenção do PSC numa investidura de Puigdemont – com o objetivo de forçar os socialistas a decidirem se querem governar a Catalunha, afastando o JxC (que tem sete deputados no Parlamento de Espanha, essenciais para a atual maioria que suporta o governo de Pedro Sánchez), ou garantir a estabilidade do país.