O Governo de Espanha, presidido por Pedro Sánchez — secretário-geral do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, centro-esquerda) —, chegou ao poder em junho de 2018, na sequência de uma moção de censura parlamentar contra o então primeiro-ministro Mariano Rajoy, do Partido Popular (PP, centro-direita). A iniciativa socialista, que obteve o apoio da maioria do Congresso dos Deputados, fundamentava-se na inação de Rajoy face aos numerosos episódios de corrupção, incluindo financiamento irregular, imputados ao PP.
No início desse ano, o partido fora condenado judicialmente como participante “a título lucrativo” no “caso Gurtel”, uma extensa trama que aproveitava fundos públicos a troco de subornos a altos funcionários e titulares de cargos políticos nas comunidades de Valência e Madrid. Hoje, é o PSOE que parece destinado a sofrer os efeitos de outro caso de corrupção investigado pelos tribunais e que afeta a credibilidade do Executivo e da formação que o sustenta.
Esta segunda-feira, a Comissão Executiva Federal do partido de Sánchez pediu ao deputado José Luis Ábalos, antigo ministro dos Transportes, que renuncie ao assento parlamentar que ocupa desde que deixou o Executivo, e que o faça “nas próximas 24 horas”. Após uma reunião de topo no PSOE; a porta-voz Esther Peña assegurou que no partido “não há lugar para corruptos”. Um antigo assessor de Ábalos, Koldo García, é suspeito de corrupção num esquema de compra de material sanitário durante a pandemia.