A 20 de dezembro de 1973 — faz meio século esta quarta-feira —, a manhã era fria e húmida em Madrid. Um chuvisco molhava o pavimento das ruas do bairro de Salamanca, então como hoje local de residência preferido das classes acomodadas da capital espanhola. Como todos os dias, o almirante Luis Carrero Blanco, de 69 anos, acabava de ouvir a missa e comungar na igreja de São Francisco de Borja, administrada por jesuítas, cuja fachada principal dá para a rua de Serrano, mesmo em frente da embaixada dos Estados Unidos.
Fervoroso católico, Carrero ia regressar a casa, tomar o pequeno-almoço e dirigir-se, em seguida, ao seu gabinete de primeiro-ministro. Morava a poucos metros e era possível ir a pé, mas o militar ia de automóvel oficial, o que exigia dar umas voltas. Seguia-o um veículo policial com três funcionários da Direção-Geral de Segurança.