Uma criança de 12 anos, que frequentava o 6.º ano, morreu e outras duas sofreram ferimentos graves após um ataque a tiro numa escola da cidade finlandesa de Vantaa, a norte da capital Helsínquia, confirmou a polícia local, em conferência de imprensa.
A polícia finlandesa respondeu a um alerta quando pouco passava das 9h locais, 7h em Portugal continental. Os primeiros relatos sobre o incidente indicavam que três menores tinham ficado feridos e o atirador, também menor, tinha sido detido em Siltamäki, a norte de Helsínquia. Até ao momento ainda não se conhecem as motivações do jovem que também frequentava o 6ºano de escolaridade, segundo as autoridades locais.
O autor do ataque terá utilizado uma arma de fogo licenciada que pertencia a um familiar. A polícia finlandesa informou que o ataque constitui dois crimes: homicídio e tentativa de homicídio face à sua brutalidade e planeamento. As autoridades confirmaram que o jovem não estava associado a outros crimes no passado e não será aberto qualquer processo penal uma vez que o suspeito não é criminalmente responsável por ser menor de idade.
Os dois jovens que ficaram feridos com gravidade foram levados de imediato para o Novo Hospital Infantil do Hospital Universitário de Helsínquia (HUS).
MINISTROS REAGEM AO ATAQUE
Vários elementos do governo finlandês já reagiram ao incidente desta terça-feira. O presidente da República, Alexander Stubb, apresentou as condolências aos familiares das vítimas na rede social X (antigo Twitter). Em conferência de imprensa a Ministra do Interior, Mari Rantanen, agradeceu o empenho das autoridades e apelou aos familiares adultos que apoiem os mais novos neste momento difícil.
Já a Ministra da Educação, Anna-Maja Henriksson, considerou o ataque como uma “grande tragédia” e alertou para a importância de se abordar este tipo de ataques nas escolas do país de forma a que todos consigam ultrapassar o que aconteceu,
Relatos da imprensa local dão conta de que algumas crianças conseguiram esconder-se durante o ataque e contaram aos pais o que estava a passar-se pelos telemóveis.
A escola de Viertola tem estudantes entre os sete e os 16 anos de idade, que, à semelhança de outras escolas finlandesas, tinham regressado às aulas após alguns dias de férias da Páscoa.
Segundo outras informações veiculadas por média finlandeses, citados pela BBC, a instituição de ensino tem 800 estudantes e 90 auxiliares e professores, funcionando em duas localizações (o ataque ocorreu no campus de Jokiranta).
A vice-diretora de educação e formação de Vantaa, Katri Kalske, informou que já foi convocado um gabinete de crise e explicou que qualquer atualização sobre o incidente é da responsabilidade da polícia, segundo noticiou o canal finlandês Yle.
PRESENÇA DAS AUTORIDADES NAS ESCOLAS É RECORRENTE
O chefe da polícia, Seppo Kolehmainen, afirmou que vários tipos de ameaças escolares são recorrentes, o que obriga à presença das autoridades instituições de ensino. “Infelizmente, diferentes tipos de ameaças escolares são semanais. A polícia muitas vezes tem de proteger o dia escolar com uma presença visível nas instituições de ensino”, reforça.
“Juntos, pensávamos que, como sociedade, teríamos aprendido com os tiroteios anteriores em escolas. Um dia assim não deveria ter acontecido”, referiu o chefe da polícia, ao recordar outros ataques da mesma natureza ocorridos em escolas no país. Em 2007 e 2008, cerca de 20 pessoas - incluindo os atiradores - morreram após dois ataques a instituições ensino.
“A FINLÂNDIA É UM PAÍS DE CAÇADORES E ENTUSIASTAS DE ARMAS”
Lê-se na página oficial do Ministério do Interior finlandês. O país com apenas 5,6 milhões de habitantes, tem um total de 1.5 milhões de armas de fogo licenciadas e cerca de 430.000 titulares de licenças. Em 2010, a Finlândia voltou a reforçar a legislação sobre a posse de armas no país, alterando o limite de idade de 18 para 20 anos. Simultaneamente, impôs um teste de aptidão para todos os requerentes de licenças de armas de fogo.
A Finlândia, que passou a regular a posse e uso de armas através da Lei de Armas em 1998, não impõe qualquer tipo de limite quanto ao número de licenças que cada indivíduo pode ter. Estas licenças são concedidas pelos departamentos da polícia locais, de acordo com o Ministério do Interior.
Segundo dados divulgados pela BBC, a Finlândia está entre os dez países do mundo com mais armas por 100 habitantes - no 8º. lugar - numa lista em que os Estados Unidos, Yémen e Sérvia ocupam os primeiros lugares.
Notícia atualizada às 16h47