Ainda ninguém sabe com precisão quantos homens, mulheres e crianças viajavam no Adriana. Alguns sobreviventes, cujos relatos permitem fazer uma estimativa de mais de 700 pessoas a bordo, tentaram fugir quando viram o barco onde iriam embarcar, assustados com a quantidade de pessoas que os traficantes iam enfiando em cada centímetro quadrado disponível na traineira velha e ferrugenta que saiu do porto líbio de Tobruk, dia 9 de junho, em direção a Itália, onde nunca haveria de chegar. Nem uma mulher sobreviveu, nem uma criança.
Sabe-se que era um barco de pesca velho e ferrugento porque existem fotografias do Adriana, tiradas pela Guarda Costeira da Grécia (GCG), que está a ser acusada pelos sobreviventes do desastre de interferência direta no maior naufrágio de um barco de migrantes alguma vez registado em águas gregas. Um coletivo de meios de comunicação europeus (o jornal britânico “The Guardian”, a emissora pública alemã ARD e o site de jornalismo de investigação grego “Solomon”) publicou, terça-feira, uma investigação que revela inconsistências no relato das autoridades gregas sobre o que se passou na noite de 13 de junho, quando mais de 500 pessoas se afundaram com o Adriana, na zona mais profunda do Mediterrâneo.