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Eleições americanas 2024

Os EUA e a democracia: o que aconteceria se os americanos mudassem a Constituição? Que papel passaria a ter o Supremo Tribunal?

No livro No Democracy Lasts Forever: How the Constitution Threatens the United States [Nenhuma democracia é para sempre: como a Constituição ameaça os Estados Unidos], Erwin Chemerinsky, diretor da Faculdade de Direito em Berkeley, conclui que a única solução para a situação constitucional dos Estados Unidos é começar de novo. Chemerinsky apresenta várias propostas para atualizar e corrigir o sistema, acabando por concluir que a América precisa de uma nova Constituição. E a sua primeira prioridade é abolir ou reformar o Colégio Eleitoral

Supremo Tribunal dos Estados Unidos, em Washington D.C.
Kevin Mohatt/Reuters

Nicholas Reed Langen*

Chamar aos Estados Unidos uma democracia tornou-se um pouco exagerado. Até mesmo o evento democrático mais festejado do país (e do mundo) é uma ilusão de vontade popular. Devido ao Colégio Eleitoral, os votos da maioria dos americanos para as presidenciais são, em última análise, irrelevantes. O resultado não depende da vontade coletiva do povo americano, mas sim dos caprichos de uma ínfima parte dos eleitores de alguns condados de alguns estados.

As eleições legislativas são um pouco melhores, graças aos efeitos distorcidos do método de falsificação eleitoral “gerrymandering”, em que os funcionários partidários desenham distritos eleitorais ao estilo da arte de Salvador Dali para beneficiar o seu próprio partido. É uma situação em que os políticos escolhem os seus eleitores, sendo a habilidade do cartógrafo mais importante do que os desejos do povo.