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Eleições americanas 2024

Viagem pelos ‘swing states’ #4: Michigan, o motor da mudança

Impelido pela pujança da indústria automóvel, este estado oscilante pode ficar com o motor gripado quando aquela dá um espirro. Donald Trump teve no Michigan a vitória mais surpreendente de 2016. Será difícil repeti-la em 2024, mas o descontentamento popular com a guerra em Gaza gera dúvidas num território com relevante população muçulmana

Loja de peças automóveis na cidade de Warren, no Michigan
Spencer Platt/Getty Images

O nosso périplo chega hoje ao mais resistente tijolo da “Blue Wall” (Muro Azul), conjunto de estados da região do Midwest que votaram sempre nos nomeados do Partido Democrata entre 1988 e 2016. Com o Wisconsin e a Pensilvânia, estes antigos redutos republicanos tornaram-se solidamente democratas com a força do seu movimento sindical e a preponderância das suas grandes cidades. Quando os republicanos assumiram a agenda do comércio livre, afastando-se do seu passado protecionista, perderam força nestes centros da produção industrial dos Estados Unidos.

O Michigan é o estado que mais claramente representa este perfil. A sua maior cidade (Detroit) é a capital da indústria automóvel, sendo berço da Ford, General Motors e Chrysler. Nela vive mais de metade da população deste estado, que foi, entre os sete decisivos deste ano, o que deu maior margem a Joe Biden (2,8 pontos percentuais) em 2020. O Michigan é, de todos estes estados, o que tem o Partido Republicano menos radical, ainda capaz de nomear moderados a nível estadual para algumas eleições.