Eleições americanas 2024

Nova estratégia contra Kamala Harris? Trump chama “radical” à candidata democrata

Num comício na Carolina do Norte, Trump expôs algumas das suas linhas de ação, após a mudança de adversária. O antigo Presidente americano procurou ligar a vice-presidente Kamala Harris às políticas impopulares de Joe Biden e caracterizá-la como demasiado liberal, o que pode influenciar eleitores indecisos ou moderados

Donald J. Trump
Bill Pugliano

Donald Trump considera Kamala Harris radicalmente liberal, como afirmou no seu primeiro comício depois de a vice-presidente dos Estados Unidos ter assumido que é candidata à Casa Branca pelo Partido Democrata. O antigo Presidente americano culpou Harris pelo que diz terem sido políticas “desastrosas” do Governo de Biden, conta o jornal “The New York Times”.

Em Charlotte, na Carolina do Norte, Trump ofereceu, por isso, um lampejo do que será a sua estratégia contra Harris. Se esta procurou estabelecer a dicotomia entre “procuradora” e “criminoso” (o republicano soma quatro processos criminais e 34 condenações criminais em Manhattan), Trump denegriu a atividade da rival ao serviço da justiça. Atacou a vice-presidente, considerando-a “radical” em relação ao aborto, já que tem sido tónica da sua campanha a promessa de restaurar o direito à interrupção da gravidez todo o país.

O tema divide democratas e republicanos desde que os juízes do Supremo Tribunal nomeados por Trump anularam o caso Roe v. Wade, que dava proteção federal a esse direito. Trump chegou a admitir apoiar a definição das políticas de aborto por parte dos estados, mas, segundo “The New York Times”, no comício de quarta-feira à noite, tropeçou ao pronunciar a palavra “aborto”, e ao chamar a Harris “uma radical total”. Afirmou, falsamente, que Harris apoiava o aborto “mesmo após o nascimento, a execução de um bebé”, algo que nenhum estado ou lei refere ou apoia.

“Quer ser a Presidente dos criminosos selvagens e dos estrangeiros ilegais”

Sobre o seu tempo na procuradoria distrital de São Francisco, Trump argumentou que a vice-presidente de Biden tinha sido demasiado negligente em relação ao crime, bem como excessivamente favorável às políticas de reforma da justiça criminal, entre as quais o fim da fiança em dinheiro. Para sublinhar o seu ponto de vista, levou a palco o presidente da Associação Nacional das Organizações Policiais.

“Kamala Harris quer ser a Presidente dos criminosos selvagens e dos estrangeiros ilegais”, disse Trump a uma multidão de milhares, “Serei o Presidente dos americanos cumpridores da lei.”

Também recorreu a temas habituais, voltando a criticar os esforços de Biden para debelar as alterações climáticas. Comparou muitos dos que atravessaram a fronteira à personagem canibal cinematográfica Hannibal Lecter, e repetiu as suas falsas alegações de que as eleições de 2020 foram fraudulentas.

O ex-Presidente dedicou algumas das críticas que dirigia a Biden à agora candidata democrata Harris (pronunciando mal o seu nome): mau desempenho em matérias de imigração e inflação. Trump ligou Harris a todas as políticas do Presidente dos EUA, considerando-a “a força motriz ultraliberal por trás de cada catástrofe de Biden”.