Nos Estados Unidos, “a controvérsia não dá sinais de abrandamento”, admite ao Expresso John E. Jones, presidente do Dickinson College e antigo juiz distrital da Pensilvânia. Refere-se ao “caso” de tráfico humano e abusos sexuais de Jeffrey Epstein, com quem Donald Trump mantinha relação amigável. Indícios dessa ligação têm estado no centro das polémicas, depois de Elon Musk, em rutura com Trump, ter levantado a suspeita, há cerca de um mês, de que o Presidente americano estivesse implicado nos ficheiros do caso de pedofilia.
“Como acontece com tudo o que está relacionado com Trump, é complicado”, considera Jones. “A única prova pública que liga Trump a Epstein consiste na sua longa amizade e nalgumas fotografias. É perfeitamente possível que os teóricos da conspiração que povoam o movimento MAGA [Make America Great Again, slogan do republicano nas presidenciais de 2024] tenham extrapolado o que o Departamento de Justiça possui.”
Prossegue o perito: “Infelizmente para Trump, alguns destes indivíduos povoam o Governo”. Por exemplo, os que escolheu para liderar o FBI — o diretor Kash Patel e o vice-diretor Dan Bongino — foram comentadores do MAGA antes de terem entrado para a polícia federal, tendo promovido, nessa qualidade, teorias segundo as quais alguém matou Epstein para o manter calado, ou as elites globais impediram a divulgação da lista de clientes.
“Além disso, é claro que grande parte dos registos deve permanecer em sigilo, a menos que exista uma ordem judicial, uma vez que se referem a vítimas menores”, ressalva Jones. Em última análise, em vez de continuar a dizer que não há fogo apesar do fumo, será necessária, por parte da administração, “uma divulgação mais completa de qualquer informação que o Departamento de Justiça tenha”.