Em Manhattan, símbolo do mundo livre, Donald Trump foi comparado às SS nazis. Centenas de pessoas protestaram na cidade de Nova Iorque, segunda-feira, em apoio a Mahmoud Khalil, manifestante pró-Palestina da Universidade de Colúmbia, detido por agentes da imigração. Ocuparam a Federal Square, na zona baixa de Manhattan, não só exigindo a libertação de Khalil como mostrando cartazes com Trump a fazer uma saudação “Sieg heil”, em frente a uma cruz suástica.
Dois dias antes, as referências a um emblema da II Guerra Mundial, à aeronave Enola Gay (que lançou uma bomba atómica sobre o Japão) e às primeiras mulheres a passar no treino de infantaria da Marinha foram marcadas para serem eliminadas. A purga à base de dados do Departamento de Defesa americano inclui dezenas de milhares de fotografias e publicações online, atos que visam eliminar conteúdos relacionados com a diversidade, a equidade e a inclusão, segundo a Associated Press. Esta agência de notícias foi, entretanto, arredada da Casa Branca, por ordem do Presidente, nomeadamente por não ter adotado a designação “Golfo da América” para se referir ao Golfo do México. Os principais alvos da “limpeza” dos registos são as mulheres e as minorias, incluindo os marcos notáveis que alcançaram nas Forças Armadas.
E, se recuarmos mais um dia, o jornal “The New York Times” apresenta uma lista recheada de palavras que virão a ser excluídas no âmbito das agências federais. John Burn-Murdoch, jornalista e cronista do “Financial Times”, está convencido de que o ambiente de repressão instalado não faz lembrar qualquer outro período de governação conservadora nos Estados Unidos da América. Num artigo de opinião naquele jornal, coloca, por exemplo, George W. Bush e Tony Blair “ombro a ombro”, apresentando o argumento de que os conservadores americanos estão hoje mais distantes do que nunca dos seus homólogos europeus.