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Desmoronamento da ponte em Baltimore, nos Estados Unidos: falha técnica no navio, demasiada carga ou escassez de recursos técnicos?

João Frade, vice-presidente da Escola Superior Náutica Infante D. Henrique e professor de segurança marítima, e Pedro Pacheco, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e Presidente da BERD – Projeto, Investigação e Engenharia de Pontes. apontam as causas prováveis do acidente desta terça-feira. O embate do navio provocou o desmoronamento da ponte Francis Scott Key

A estrutura de aço da ponte Francis Scott Key em cima do navio porta-contentores após o colapso da ponte em Baltimore, nos EUA
JIM WATSON

A ponte Francis Scott Key, em Baltimore, nos Estados Unidos, desmoronou-se após um navio ter colido com esta durante a madrugada. Devido à queda da ponte, vários veículos caíram ao rio e 20 pessoas foram dadas como desaparecidas. A polícia norte-americana classificou a colisão como um acidente. Agora, é preciso apurar as causas que provocaram “evento de vítimas em massa em desenvolvimento”.

Possível falha técnica no navio ou erro humano?

“Tudo indica que será uma falha técnica”, explica João Frade, vice-presidente da Escola Superior Náutica Infante D. Henrique e professor de segurança marítima e manobra e governo de navio. Instantes antes de embater na ponte, vários vídeos publicados nas redes socias mostram uma falha de energia no navio, batizado de ‘Dali’. Sem energia é impossível controlar o rumo da embarcação, ainda assim “existem algumas manobras que podem ser realizadas de emergência, como o fundear, que é largar a amarra para tentar imobilizar o navio sem causar ali qualquer estrago”.

“É um navio com uma dimensão já considerável, carregado, e, portanto, tem ali mais dificuldade” de manobra, em especial considerando que estava próximo da ponte e tinha acabado de sair do porto. “Um blackout [apagão] faz com que pare tudo, depois existem alguns geradores de emergência para garantir alguns equipamentos, mas quando há um blackout ficam sem capacidade de propulsão, ou seja, sem capacidade de governo”, explica o professor.