O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já falou publicamente sobre a morte de Alexei Navalny, o ativista e político russo que morreu esta sexta-feira numa prisão de alta segurança no Círculo Polar Ártico e culpou, sem rodeios, o seu homólogo russo, Vladimir Putin, pelo sucedido.
“Não se deixem enganar, Putin é responsável pela morte de Navalny”, começou por dizer, admitindo que a notícia o deixou abalado, porém “não surpreendido”, disse, citado pelo “Guardian”. “O que aconteceu e está a acontecer é mais uma prova da brutalidade de Putin. Ninguém deve andar enganado, nem na Rússia, nem nos seus próprios países, nem em qualquer parte do mundo. Putin não visa apenas cidadãos de outros países, como podemos ver pelo que se está a passar na Ucrânia, mas também inflige crimes terríveis sobre o seu próprio povo”, declarou.
Depois de enviar as suas condolências à família do ativista, Biden traçou as diferenças entre Putin e o homem que morreu na prisão a lutar por uma forma justa de fazer política. “Ele era muitas coisas que Putin não é. Era corajoso. Era um homem de princípios, dedicado à construção de uma Rússia onde o Estado de direito pudesse existir e ser aplicado a todos. Tinha uma crença de que a Rússia, tal como ele a conhecia, era uma causa pela qual valia a pena lutar”, disse o Presidente, deixando ainda uma nota de esperança: “A sua coragem não será esquecida e tenho a certeza de que essa coragem não será a única que veremos emergir na Rússia".
Questionado sobre a responsabilização do Kremlin pela morte de Navalny, Biden reforçou a sua posição: “Não sabemos exatamente o que aconteceu, mas não há dúvidas de que a morte de Navalny é consequência de algo que Putin e os seus lacaios fizeram”.
Biden aproveitou o momento para interpelar os legisladores norte-americanos, nomeadamente os republicanos, que têm estado a protelar a aprovação de um pacote de financiamento de ajuda à Ucrânia. “Esta tragédia recorda-nos que o que está em jogo neste momento é a disponibilização de fundos para que a Ucrânia possa continuar a defender-se contra o ataque cruel e os crimes de guerra de Putin”, disse.
Logo depois, arremeteu contra os republicanos, ameaçando-os com um lugar pouco prestigiante na História. “O facto de uma pessoa ter escolhido não apoiar a Ucrânia neste momento crítico nunca será esquecido. É verdade, vai ficar nas páginas da História. Tem consequências, e o tempo está a passar. Isto tem de acontecer. Temos de ajudar agora”.
Para além disso, também não esqueceu as declarações de Donald Trump, seu principal adversário nas presidenciais de 2024, que voltou recentemente a duvidar da utilidade da NATO e até disse que a Rússia devia “fazer o que bem lhes apetecer” aos países que não mantiverem os seus compromissos financeiros com a organização. “Isto é uma coisa ultrajante para um Presidente dizer. Não consigo compreender. Enquanto eu for Presidente, a América mantém o seu compromisso sagrado para com os seus aliados da NATO”, rematou.