EUA

Uma “caça às bruxas” por um juiz e uma procuradora “corruptos”: o resumo do 1.º dia do julgamento de Trump por fraude

Foi logo à entrada para o julgamento que Donald Trump disse que a acusação não passava de uma “caça às bruxas”, alegando que o juiz Arthur F. Engoron e a procuradora-geral Letitia James são corruptos. Durante a primeira sessão do julgamento, que durará até 22 de dezembro, Trump não falou mas foi mostrando desagrado pelas alegações feitas contra si

Ex-Presidente dos EUA, Donald Trump
SAM WOLFE/REUTERS

O antigo Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, compareceu, esta segunda-feira, em tribunal para a primeira sessão do julgamento em que é acusado de fraude bancária, que decorre em Nova Iorque.

Logo à entrada, Trump voltou a dizer que a acusação não passava de uma “caça às bruxas”. Esta não foi, no entanto, a única altura do dia que o ex-Presidente usou para criticar o julgamento. Ao almoço, de acordo com o "The Washington Post", Trump disse que este era "um julgamento vergonhoso apresentado por uma procuradora-geral que é corrupta". Recorde-se que Trump é acusado pela procuradora-geral de Nova Iorque Letitia James de enganar bancos, seguradoras e outras organizações, mentindo sobre a sua riqueza para obter ganhos financeiros.

Segundo o gabinete da procuradora-geral, Trump, os seus filhos adultos e a empresa da família inflacionaram a própria riqueza em mais de dois mil milhões de dólares. O juiz Arthur F. Engoron já decidiu, na semana passada, mesmo antes do início do julgamento, que Trump e dois dos seus filhos, Donald Trump Jr. e Eric Trump, são responsáveis por cometer, em 2010, "fraudes financeiras" generalizadas.

"Ano após ano, empréstimo após empréstimo, os arguidos deturparam o património líquido do Sr. Trump", disse um dos elementos da equipa de Letitia James, Kevin Wallace. No caso de ser considerado culpado, o antigo Presidente pode perder o controlo da Trump Tower e de outras propriedades valiosas. Trump poderá ainda ter de pagar uma multa de 250 milhões de dólares e ficar proibido de voltar a ter um negócio em Nova Iorque.

Além de insultar a procuradora-geral, Trump sugeriu, segundo o “The New York Times”, que o juiz Arthur F. Engoron era criminoso. O ex-Presidente disse ainda que Letitia James só o queria “apanhar” porque ele estava a ter um bom desempenho nas sondagens. Contudo, na mesa de defesa, Trump esteve quase sempre em silêncio, com os braços cruzados, fazendo ocasionalmente alguns comentários com a sua equipa de defesa. De acordo com o mesmo jornal, o antigo Presidente revirava ocasionalmente os olhos para o juiz.

Nas declarações iniciais, a defesa de Trump rejeitou todas as acusações apresentadas, garantindo que todos os procedimentos em causa foram realizados de forma legal. “Não houve intenção de enganar, não houve ilegalidade, não houve falha, não houve quebra, não houve dependência dos bancos, não houve lucros injustos, e não houve vítimas", disse o advogado Christopher Kise.

O julgamento civil contra o ex-presidente norte-americano Donald Trump por fraude na Trump Organization durará até 22 de dezembro.