O Congresso dos Estados Unidos lançou um processo de destituição de Joe Biden?
Não. Pelo menos, ainda não. O republicano Kevin McCarthy, speaker da Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso), anunciou na terça-feira que o seu partido ia abrir uma investigação sobre alegações de corrupção nos negócios da família do Presidente, nomeadamente do seu filho Hunter. À frente da empreitada ficará o congressista James Comer. “Os republicanos da Câmara detetaram alegações graves e credíveis sobre a conduta do Presidente Biden. Em conjunto, essas alegações esboçam um quadro de cultura da corrupção”, anunciou McCarthy na rentrée parlamentar. Exortou Biden a cooperar, acusando a sua família de “abuso de poder, obstrução e corrupção”.
Que está em causa?
Hunter Biden está sob investigação federal há cinco anos, por acusações de fuga ao fisco (não terá pago imposto sobre o rendimento durante dois anos) e por ter mentido sobre consumo de drogas ao adquirir uma arma de fogo. Os procuradores contam acusá-lo formalmente em breve. Os republicanos acusam Joe Biden de ter beneficiado de negócios ilícitos do filho no estrangeiro, e já durante a campanha de 2020 o ex-Presidente Donald Trump tentou pressionar o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a procurar factos embaraçosos para o seu então adversário eleitoral. Isso valeu um processo de destituição ao próprio Trump, o primeiro de dois de que só o Senado o livrou. O segundo teve que ver com a invasão do Capitólio por apoiantes seus no dia 6 de janeiro de 2021.
Há provas de envolvimento do pai Biden nas alegadas infrações do filho?
Não, segundo a generalidade da imprensa americana. O speaker fala de dar aos comités do Congresso “plenos poderes para reunir todos os factos e respostas para o público americano” e acrescenta crer que “o Presidente também quererá responder a estas questões e alegações”. Ouvido em julho pelo comité de supervisão da Câmara dos Representantes, Devon Archer, antigo sócio de Hunter Biden, confirmou que o filho falava por vezes com o pai durante as reuniões que mantinham, mas “nunca sobre negócios”, julgando Archer que as conversas serviam para Hunter mostrar aos seus parceiros que tinha acesso ao Presidente, o que será corroborado por entrevistas, registos bancários e outros documentos.