China, China, China. O nome foi muito repetido pelo candidato Donald Trump em 2016, mas, quatro anos depois, faz menos manchetes. É certo que o Presidente continua a insistir na expressão “praga chinesa” para se referir à covid-19 e sublinha que, graças à sua decisão de cancelar os voos de e para a China, foi possível controlar melhor a pandemia na sua fase inicial. Nesta campanha, temos ouvido menos falar no gigante oriental, mas ele continua a ser altamente relevante — ou não fosse o país que continua a ter a maior fatia da dívida pública norte-americana e o terceiro maior mercado de exportação dos EUA.
Se Trump for reeleito, provavelmente poderemos contar com a política que tem sido aplicada até agora, como explica a agência Bloomberg: manutenção do acordo comercial assinado em janeiro (depois de uma guerra comercial intensa), tarifas altas para a importação de produtos chineses, críticas ao uso da rede 5G pelo regime chinês e postura dura com sanções por violações de direitos humanos, como a repressão nos protestos pró-democracia em Hong Kong ou a detenção em larga escala de muçulmanos Uyghur em campos de concentração.
Mas e se o eleito for o democrata Joe Biden? Assistiremos a mudanças de política substanciais? Biden tem recorrido a anúncios eleitorais onde se assume como altamente crítico do regime chinês e critica inclusivamente Trump pela sua boa relação pessoal com o Presidente Xi Jinping (apesar das políticas aplicadas). Para Peter Van Buren, antigo diplomata norte-americano em Pequim e Hong Kong, o mais provável é que Biden traga uma política “mais pragmática e menos emocional” do que Trump face à China. Isso mesmo explicou num artigo publicado na revista "American Conservative", onde alertou, no entanto, para a possibilidade de a influência de figuras como Susan Rice ou Samantha Power (ex-embaixadoras na ONU durante os mandatos de Barack Obama) fazer com que Biden adote uma postura mais firme.