América Latina

EUA preocupados com resultado das presidenciais na Venezuela, Maduro felicitado por Irão, Nicarágua, Cuba e China

"Temos sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano", diz o secretário de Estado norte-americano. Ministério dos Negócios Estrangeiros português considera necessária "verificação imparcial dos resultados". Já o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano e os Presidentes da Nicarágua e Cuba felicitam Nicolás Maduro

YURI CORTEZ

O secretário de Estado norte-americano afirmou que os Estados Unidos estão "seriamente preocupados" com o resultado anunciado das presidenciais da Venezuela, cuja vitória oficial foi atribuída ao atual Presidente Nicolás Maduro.

"Vimos o anúncio feito há pouco pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela", disse Antony Blinken, em Tóquio.

"Temos sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano", disse Blinken à imprensa japonesa, junto aos homólogos da aliança Quad, que inclui também Japão, Austrália e Índia.

O responsável norte-americano pediu às autoridades eleitorais venezuelanas para que publiquem os resultados completos de forma transparente e imediata, indicando que os EUA e a comunidade internacional vão responder em conformidade.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros também já reagiu, apontando para a necessidade de "verificação imparcial dos resultados eleitorais". "O MNE saúda a participação popular e considera ser necessária a verificação imparcial dos resultados eleitorais na Venezuela. Só a transparência garantirá a legitimidade; apelamos à lisura democrática e ao espírito de diálogo. Acompanhamos sempre a comunidade portuguesa", lê-se na nota publicada na rede social X (antigo Twitter).

Já o Presidente do Chile, Gabriel Boric, considerou ser "difícil acreditar" nos resultados anunciados, que deram a vitória a Maduro, e advertiu que o Governo chileno não reconhecerá "qualquer resultado que não seja verificável". Outros países da região criticaram também o processo eleitoral, como o Peru, a Costa Rica, a República Dominicana e a Guatemala.

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, apelou à “total transparência do processo eleitoral”. "Os venezuelanos votaram sobre o futuro do país de forma pacífica e em grande número. A vontade deve ser respeitada. É essencial garantir a total transparência do processo eleitoral, incluindo a contagem pormenorizada dos votos e o acesso [aos documentos] das assembleias de voto", afirmou Borrell numa mensagem publicada nas redes sociais.

Irão, Nicarágua, Cuba e China felicitam Maduro

O Irão e a Nicarágua felicitaram Maduro pela vitória. "Felicitamos o povo e o governo da Venezuela pela realização bem-sucedida das eleições presidenciais neste país, bem como o Presidente eleito do povo venezuelano", escreveu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Naser Kanani, na rede social X.

A realização destas eleições indica "a institucionalização do processo democrático", apesar de "algumas ameaças e sanções cruéis e injustas impostas à Venezuela", acrescentou, na mesma mensagem.

Também o Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, e a mulher e vice-presidente, Rosario Murillo, felicitaram o "querido camarada e irmão Nicolás" pela vitória nas presidenciais.

O Presidente de Cuba, Miguel Diaz-Canel, disse ter telefonado ao homólogo Maduro para o felicitar pelo "histórico triunfo eleitoral" nas presidenciais de domingo. "Falei com o meu irmão Nicolás Maduro para o felicitar calorosamente em nome do partido, do governo e do povo cubano pelo histórico triunfo eleitoral alcançado", disse o chefe de Estado cubano, país tradicional aliado da Venezuela.

A China também congratulou o Presidente pela reeleição. "A China felicita a Venezuela pelo sucesso das suas eleições presidenciais e felicita o Presidente Maduro pela sua reeleição", declarou o porta-voz da diplomacia chinesa Lin Jian, em conferência de imprensa.

"A China está disposta a enriquecer a parceria estratégica [com a Venezuela] e a fazer com que os povos dos dois países beneficiem desta", acrescentou. Pequim mantém boas relações com o Presidente venezuelano, que está isolado na cena internacional, e é um dos principais credores do país latino-americano, cujo Produto Interno Bruto caiu 80% em dez anos, devido a uma grave crise económica.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou que o Presidente cessante foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo com 51,20% dos votos.

Maduro obteve 5,15 milhões de votos, à frente do candidato da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia, que obteve pouco menos de 4,5 milhões (44,2%), de acordo com os números oficiais anunciados pelo presidente do CNE, Elvis Amoroso.

Os resultados foram anunciados depois de contados 80% dos boletins de voto e 59% dos eleitores terem comparecido às urnas. O resultado "é irreversível", declarou.