Na sua redação, o decreto do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que suspende a ajuda financeira à África do Sul assenta em três motivações. É uma resposta à nova lei de expropriação de terras, que permite ao Governo de Pretória confiscar propriedades sem compensação em determinadas circunstâncias, mas também à ação legal sul-africana contra Israel e aos alegados laços com o Irão.
A lei de expropriação, promulgada pelo Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, visa corrigir as desigualdades históricas na posse de terras, uma herança do apartheid, regime de segregação racial que vigorou durante quase meio século. Os críticos, como o multimilionário Elon Musk, conselheiro de Trump nascido na África do Sul, argumentam que a lei ameaça os direitos de propriedade, pode levar a abusos e é racista contra a minoria branca. A retaliação americana corresponde a um corte de cerca de €420 milhões em ajuda anual, incluindo fundos vitais para programas de combate à sida, e abre a porta à revogação da legislação AGOA, ao abrigo da qual alguns países africanos têm acesso preferencial ao mercado americano.