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“Minerais de sangue” e “guerra por procuração” contra República Democrática do Congo: acordo UE-Ruanda arrasado por exacerbar conflito

O memorando de entendimento entre Bruxelas e Kigali foi assinado há menos de meio ano e, desde então, a rebelião M23, apoiada pelo Ruanda, alargou o domínio sobre os recursos minerais no leste da República Democrática do Congo. A UE alega que o acordo visa cumprir os seus “objetivos de energia verde e limpa”. Em pano de fundo, contudo, estão um conflito entre vizinhos e uma vontade europeia de ganhar terreno à China na região. Os críticos lamentam que “os interesses económicos se sobreponham frequentemente aos direitos humanos”

Forças da República Democrática do Congo na linha da frente junto a uma cidade controlada pelos rebeldes do M23, na província de Kivu do Norte
ALEXIS HUGUET / AFP / Getty Images

Já se fala em “minerais de sangue” e até em “guerra por procuração” da União Europeia (UE) contra a República Democrática do Congo (RDC). Um memorando de entendimento entre os 27 e o Ruanda tem motivado acusações de agravamento do conflito no leste da RDC.

O acordo foi assinado a 19 de fevereiro pela comissária europeia para as parcerias internacionais, Jutta Urpilainen, e pelo então ministro dos Negócios Estrangeiros ruandês e agora ministro do Interior, Vincent Biruta. Visa “reforçar o papel do Ruanda na promoção do desenvolvimento sustentável e cadeias de valor resilientes em toda a África”.